Tião Carreiro e Pardinho

Nelore Valente

Tião Carreiro e Pardinho


Na fazenda onde eu nasci vovô era retireiro
Bem criança eu ajudava a prender o gado leiteiro
Um dia de manha cedo, vejam só que desespero.
Tinha um bezerro doente, e a ordem do fazendeiro:
Mate logo esse animal e desinfete o mangueiro
Se essa doença espalhar, poderá contaminar
O meu rebanho inteiro

Eu notei que o meu avô ficou bastante abatido
Por ter que sacrificar, o animal recém nascido.
Nas lágrimas dos seus olhos, eu entendi seu pedido
Pus o bichinho nos braços, levei pra casa escondido
Com ervas e benzimentos, seu caso foi resolvido
Com carinho eu lhe tratava, e o leite que o patrao dava.
Com ele era dividido

Quando fazendeiro soube, chamou o meu avozinho.
Disse voce foi teimoso nao matando o bezerrinho.
Vai deixar minha fazenda, amanha logo cedinho.
Aquilo feriu vovô, como uma chaga de espinhos.
Mais há sempre alguém no mundo, que nos dá algum carinho.
E sem grande sacrifício, vovô arrumou serviço.
Ali no sítio vizinho

Em pouco tempo o bezerro já era um boi herado
Bonito forte e troncudo mansinho e muito ensinado.
Automóvel do atoleiro, ele tirava aos punhados.
Por isso na redondeza ficou bastante afamado.
Até que um dia a noitinha um homem desesperado
Gritando pediu socorro, seu carro caiu no morro.
Seu filho estava prensado

O carro da ribanceira, o boi conseguiu tirar.
O menino estava vivo, seu pai disse a soluçar.
Qualquer que seja a quantia, esse boi eu vou comprar.
Eu disse ele nao tem preço, a razao vou explicar.
A bondade do vovô veio seu filho salvar
Esse Nelore Valente é o bezerrinho doente
Que o senhor mandou matar.....

Compositores: Francisco Gottardi (Sulino), Antonio Carlos da Silva (Dr. Antonio Carlos)
ECAD: Obra #21295 Fonograma #257708

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