Tião do Carro e Santarém

Meu Pai

Tião do Carro e Santarém


Cansado das lutas dos trancos da vida,
saudade doída bateu pra valer.
Lembrei do meu pai lá no sítio nosso,
meu velho não posso ficar sem te ver.

Cheguei bem cedinho na cerca de arame,
eu vi um exame de abelha subir.
No velho morão do chão estradeiro,
exalava o cheiro do mel jataí.
Batendo o orvalho da alta pastagem,
eu criei coragem pro rancho eu desci.
Gritei no terreiro ninguém na palhoça,
no eito da roça meu velho eu vi.

Seguindo o acero fui subindo o trilho,
na roça de milho entrei devagar.
O sol nessa hora mostrava seu brilho,
meu pai é teu filho eu vim te abraçar.
O velho tirou da cabeça o chapéu,
olhando pro céu pegou a chorar.
Dizendo meu filho que roupa limpinha,
não rele na minha pra não te sujar

no peito do velho o suor corria,
até parecia mina da biquinha.
Meu filho a água tá no arvoredo,
eu trouxe hoje cedo a porunga cheinha.
Até meu almoço eu deixei preparado,
está pendurado no galho da arvinha.
Eu fiz hoje cedo bem madrugadão,
arroz e feijão, jabá com farinha.

Em suas palavras eu já decifrei,
e nem perguntei mamãe onde está.
Na roupa do velho, guaxuma miúda,
e as mãos cascudas que nem jatobá.
E ele me disse ali nesta hora,
você vai embora onde vai pousar?
Meu pai eu vou indo não se aborreça,
antes que anoiteça eu preciso voltar.

Eu beijei o rosto do meu pai amado,
entrou no roçado sultão foi atrás.
Eu também saí chorando escondido,
meu velho querido eu te amo demais.

Compositores: Jose Caetano Erba (Caetano Erba), Joao Benedito Urbano (Tiao do Carro)
ECAD: Obra #109511 Fonograma #28571

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