Vai, o malandro que se foi Tantas, quantas aprontou Nunca mais vai aprontar Foi e todo o morro estava ali Pra lembrar se despedir Pra igreja abarrotar
Enquanto o padre ecoava Seu já tão cansado latim A turma do bar se entreolhava Lembrando as noitadas sem fim
Enquanto o corpo se estende Num velho e surrado caixão Tem tanto agiota a procura De um filho, de um tio, de um irmão
As tantas mulheres que a vida lhe dera E lhe deram tamanha atenção Negaram, cederam, gemiam, choravam Por ver tão esguio coração
Que não bate mais E ao vê-lo assim Se arrependiam de ter desejado Sua morte e seu fim E ao reconhecer a que lhe sucedeu Sem raiva ou desprezo Puxava o assunto que há pouco morreu
Lá se vai, o malandro que se foi Tantas, quantas aprontou Nunca mais vai aprontar Foi e todo o morro estava ali Pra lembrar se despedir Pra igreja abarrotar
Enquanto a missa se estende Com fé, com montanha e moinho O samba inteiro pergunta Quem sabe tocar cavaquinho
Enquanto o consolo se chega Que a vida se leva adiante O time inteiro lamenta A perda de um bom centroavante
Os tantos escravos Que tanto xingavam O ser vagabundo em questão Perdiam o tempo, cabelo e dinheiro Um dia também morrerão.
Estavam por lá, entre a multidão Num misto entre tanto respeito e inveja Por tal conclusão Sem acreditar que a morte o levou Contavam as tantas histórias Aonde ele sempre escapou
Lá se vai, o malandro que se foi Tantas, quantas aprontou Nunca mais vai aprontar Foi e todo o morro estava ali Pra lembrar se despedir Pra igreja abarrotar
Compositor: Antonio Luiz Drummond Miranda (Tom Drummond) ECAD: Obra #38036032 Fonograma #43345020