Ton Oliveira
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Vaqueiro Desprezado

Ton Oliveira


Fui um vaqueiro afamado
Mas estou velho e cansado
E a minha luta de gado
Vou entregar ao patrão
Sem fugir do evangelho
Na tristeza me parece
Que um vaqueiro velho
Não tem mas disposição

Patrão eu lhe entrego a tenda
Mas o senhor compreenda
Que eu só lhe entrego a fazenda
Devido não poder mas
Seu gado esta no açude
Muito gordo e com saúde
Esforcei-me o quanto pude
Zelando seus animais

Não presto mas para o mato
Trabalhei muito barato
Meu patrão não seja engrato
Queira lhe fazer um pedido
Não me mande pra cidade
Me deixe aqui por bondade
Na sua propriedade
Pelo senhor protegido

Disse o patrão nessa hora
Pois sendo assim vá embora
Pode procurar lá fora
Quem queira lhe sustentar
Por que sou um fazendeiro
Mas não vou gastar dinheiro
Pra sustentar um vaqueiro
Que não quer mas trabalhar

Diz que tá velho e cansado
Não que mas ser empregado
Por mim tá desenganado
Desde já fique sabendo
Acha que já trabalhou tanto
Pois vá procurar outro canto
Que aqui nada eu me garanto
Por que não tô lhe devendo

Caro patrão eu lhe digo
Pode esperar um castigo
O que o senhor fez comigo
Entrego a Nossa Senhora
Sou um vaqueiro educado
Será feito o seu mandado
Vou me despedir do gado
Que amanhã vou embora

Adeus vaca Manga Rosa
Estrelina e vaidosa
Adeus a vaca Amorosa
E a vaca Maracanã
Adeus a vaca Roseira
Espertinha e Neblineira
Adeus a vaca Palmeira
Que vou embora amanhã

Adeus a vaca Jureminha
Vela Branca e Andurinha
Adeus a vaca Rainha
Maça e Rosa de Prado
Mimosa e Americana
A Morena e a Cigana
Adeus a vaca Baiana
Que e a melhor do gado

Adeus vaca Fantasia
Lua branca e melancia
Pinta Silva e Simpatia
Mancha de Ouro e Boneca
A Careta e a Pintada
Ponta de lança e Espada
Troco verde e Alvorada
Passarinheira e Marreca

Dei um aboio na porteira
Quando avistei na carreira
Uma junta de primeira
Que tava lá na avenida
Dali sai aboiando
O gado ficou berrando
E a filha dele chorando
Na hora da despedida

Eu nunca engeitei parada
Tive a munheca pesada
Dei queda em vaca de raça
Que ela saia manca
Pegava em cauda de touro
Puxava por desaforo
Ganhei medalha de ouro
No meu cavalo Asa Branca

Essa e a pura verdade
Quem gosou a mocidade
O que mata e a saudade
Mas quem conheceu meu nome
Agricultor fazendeiro
Deputado ou engenheiro
Protegem o pobre vaqueiro
Não deixem morrer de fome
2x

Compositor: Panajeiro

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