Que o bicho vai pegar
Que o bicho vai pegar
A cobra vai fumar
É só moleque doido
Na esquina é cabuloso
É preto pobre até o osso
Aqui é bicho solto aí se liga então
Ando na rua, sim estou no clima da periferia
Não dou tiro, me aspiro
Sempre esperto com a polícia
Vira e mexe aqui na quebrada
Eu ando de touca ou de bombeta
O ferro está mocado lá no barraco eu vivo sem treta
De repente rola um som
Ae maluco eu tô no meio
No frevo tem Maloquero
Só maconheiro
Então eu me identifico
É minha quebra que to de boa
É Planaltina
Que é minha casa é periferia e não é atoa
Sirene zoa
Sapeca é tiros na madrugada
Se deixou brecha na área aqui ó
Segura a rajada
Bares abertos, nas ruas só tem louco, só tem louco
"Gambé" drogado na barca dando tiro é cabuloso
Segura o homem aí, segura o homem aí
Se não a malandragem bota ele pra dormir
De rolé, vou ver de qual é
Tira uma onda no destaque
To na minha sempre de boa até comprimento a malandragem Tem carreta de playboy queimando o chão ae é mal
Boyzinho pisou torto na quebrada é funeral
O bobodramo está lotado já pensa no resultado
Moleque do entorno e bodinho bonado é igual a assalto
No beco só a fumaça, rato cinza é tiroteio
Pintou a viatura ai maluco sai do meio
Que o bicho vai pegar
Sai do meio, sai do meio
A cobra vai fumar
Sai do meio, sai do meio
Eu falo porque sei
Da minha área eu conheço
Aqui o bicho pega e pega mesmo
E pega, pega, pega mesmo
Que o bicho vai pegar
Sai do meio, sai do meio
A cobra vai fumar
Sai do meio, sai do meio
Eu falo porque sei
Da minha área eu conheço
Aqui o bicho pega e pega mesmo
E pega, pega, pega mesmo
Na rua tem o comércio, tem a erva que é sucesso
Tem a química maldita que é caminho pra morte
Tem maloca de esquina com altos ferros entupetado
Passar longe chegado
Quem não é visto, não é lembrado
Boteco lotado
Coroa bêbado na porta daqui a pouco é espancado
É assaltado pelos nóia
Altas tretas, altas rixas, tiroteio, correria
Sirene de polícia, fita amarela e sangue na pista é notícia
No rádio é destaque de jornal
Cresce a violência no Distrito Federal
E é foda
Assassinato após a escola como é que pode
Difícil é sobreviver aqui no Vale da Sombra da Morte
Língua solta, mão de gesso morre cedo é só mais um
E vira carniça no cerrado e tira jejum de urubu
É dedo no gatilho é pólvora ano chumbo
Projetil ensanguentado e no chão mais um defunto
Deixou brecha, caiu nela são as regras da favela
Império pra comédia é Ascenção, apogeu e queda
É Ascenção, apogeu e queda
Que o bicho vai pegar
Sai do meio, sai do meio
A cobra vai fumar
Sai do meio, sai do meio
Eu falo porque sei
Da minha área eu conheço
Aqui o bicho pega e pega mesmo
E pega, pega, pega mesmo
Que o bicho vai pegar
Sai do meio, sai do meio
A cobra vai fumar
Sai do meio, sai do meio
Eu falo porque sei
Da minha área eu conheço
Aqui o bicho pega e pega mesmo
E pega, pega, pega mesmo
Na quadra tem futebol
Moleque cheirando cola
Tiroteio de bandido, bag bang é a minha escola
Muitas armas, muitas drogas o cemitério se expandiu
Apresento a periferia o outro lado do Brasil
Tem pivete de touca com a mão na cintura
Apita o sete, toca o foda-se, atira na viatura
Rajadas e mais rajadas, se deixou falhas deita
Aqui em Planaltina sobrevive quem respeita
Ruas movimentadas, começo de balada
Sexta-feira é cabuloso e a minha quebrada é agitada
Isso aqui é o palco da violência urbana
Homicídios e assaltos que ocorrem no fim de semana
Pois na boca de fumo, nóia boia é engolido
Ladrão de bicicleta vacilou, aqui tá fudido
No sábado homicídio, domingo homicídio, segundo é só mais dois algemados no presídio
É fácil pra quem tá de fora falar de violência
Cultura, educação aí só fica na promessa
Eu quero ver burguês no meio do tiroteio
Cheque o seus próprios erros otário
E sai do meio
Que o bicho vai pegar
Sai do meio, sai do meio
A cobra vai fumar
Sai do meio, sai do meio
Eu falo porque sei
Da minha área eu conheço
Aqui o bicho pega e pega mesmo
E pega, pega, pega mesmo
Que o bicho vai pegar
Sai do meio, sai do meio
A cobra vai fumar
Sai do meio, sai do meio
Eu falo porque sei
Da minha área eu conheço
Aqui o bicho pega e pega mesmo
E pega, pega, pega mesmo
Compositor: Luiz Fernando Correia da Silva
ECAD: Obra #20541310 Fonograma #21945137