Paulão foi pro bar e disse que vai beber até morrer disse que tá com o saco cheio de ter que se vender de trabalhar de dia pra tocar na madruga Paulão é um presidiário planejando a fuga ele se sente um covarde, um vendido idiota que precisa achar coragem para encarar a própria sorte ele tá deprimido e sabe bem o que fazer Paulão foi pro bar e vai beber até morrer
Paulão quer família mas não sabe ficar sentado Paulão quer mobília, mas só vive chapado e sabe que sua namorada está certa quando não aceita viver em função da sua loucura Paulão compreende bem a doença e sabe que ela não tem cura ele tá com o saco cheio e é assim que deve ser Paulão foi pro bar pra beber até morrer
Paulão tá puto com as rádios vendidas que não tocam seu som ele sabe que a culpa é sua, coisa deste seu estranho dom de falar do que todos fazem mas não contam de escancarar o que está disfarçado nas novelas de que tratam-se não de homens e mulheres, mas de cães e cadelas que uivam baixinho sufocando os desejos que querem dar e comer mas se contentam com beijos Paulão é um cara errado e não sabe o que fazer Paulão foi pro bar pra beber até morrer
Paulão olha em volta e só vê um bando de babacas eles tem medo da violência das armas e da crueldade gravatas sabe que a morte virá e teme que demore demais sabe que é forte e é isso que o irrita ainda mais se tranca no quarto e escreve uns versos sem luz espanca um velho retrato e pede ajuda a jesus e sabe que o mundo é esta porra que se vê ei, Paulão: posso beber com você ???
Compositor: Paulo Afonso Macedo de Carvalho (Paulo de Carvalho) ECAD: Obra #1797476 Fonograma #979753