A Vida é de Graça
Eu não quero falar de amor
Eu não quero falar de política
Muito menos falar de mim
Ou de outras coisas que lembrem outras coisas
Tem um quadro sendo leiloado
Tem um time sendo derrotado
Uma mina sendo tatuada
E um moleque aprendendo a tabuada
Eu não quero citar os meus ídolos
Eu não quero engolir as dez mais
Muito menos citar Shakespeare
Só pra dizer que eu tô lendo essa porra
Tem um carro sendo roubado
E uma bela paisagem do outro lado
Uma casa sendo vendida
Pra uma velha no fim da vida
A vida é de graça
Tem gente que paga pra viver
Espero um carta
Com dinheiro e saúde
Vá se fuder!
Eu não quero sentir saudade
Eu não quero ligar a TV pra me ver
Se eu pudesse inventar um idioma
Quem sabe eu engulo você
Tem um relógio parado na praça
Chafariz quebrado há quinze anos
Um teatro de rua
E o palhaço é você
A vida é de graça
Tem gente que paga pra viver
Espero um carta com dinheiro e saúde
Vá se fuder!
Tem um soldado jogando no bicho
E um caminhão recolhendo o lixo
E um trânsito caótico no fim da tarde
Como o tocar de um pandeiro de um new-zelandês
Há crianças brincando no pátio da escola
E a telefonista enchendo o saco
Uma loja liquida tudo
E um comunista em cima do muro
Aposentados na fila de um banco
E eu de hora marcada no pai de santo
Festa chique, roupa alugada
É furão, é furão
A vida é de graça
Tem gente que paga pra viver
Espero um carta com dinheiro e saúde
Vá se fuder!
Compositor: Fabricio Krebs Beck (Fabricio Beck)
ECAD: Obra #2489279 Fonograma #1295446Ouça estações relacionadas a Vera Loca no Vagalume.FM