Posso escrever e não dissimular É o que eu ganho por estar mais velho Não tenho nada para impressionar Nem por fora nem por dentro E a noite inteira eu vou cruzando o mar Porque os sonhos voam com o vento Na minha janela é ele a soprar Só pra ver se estou desperto Me perdi num truque de palavras Me anotaram mal a direção Já escrevi meu nome numa bala Já provei a carne de cação E eu já tenho tudo planejado E alguém diz que não, não, não, não, não Agora o vento sopra pro outro lado Me leva pela mão E há quem diga não, não, não
E o que me levará ao final Serão meus passos no caminho Não vê que só se está atrás Quando persegue seu destino Sempre na minha mão tem um punhal Nunca é o que era pra ter sido Não é porque digo a verdade E sim por nunca ter mentido
E eu não vou me sentir mal Se algo não me sair bem Aprendi a derrapar E a me chocar contra esse chão Que a vida simplesmente vai Como a fumaça desse trem Como um beijo e nada mais Antes que você conte até dez E eu não voltarei a ser estranho A quem não chegara me conhecer Também não vou dizer que eu te amo Tão pouco deixarei de te querer Deixei de voar e me afundei No meio dessa lama eu encontrei Algo de calor sem teus abraços Agora eu sei que nunca voltarei
Compositor: Adolfo Cabrales Mato (Fito) ECAD: Obra #10735458 Fonograma #2122107