Eu tô girando pelo quarto Olhando o teto abobadado No centro exato de um palácio Com dez mil nobres no meu rastro Eu vejo o ouro brasileiro O terremoto de Lisboa Os espanhóis sonhando o mundo Os jesuitas no meu rastro
No claro-escuro É que ela me vê E diz assim: "Sai daí, vem pra mim O paraíso fica aqui" Eu, dividido, digo: "Se eu tiver que ler tudo do Barroco Que tempo vai sobrar pra minha nêga?"
Jerusalém foi libertada O Conde Orgaz bateu as botas Os santos sobem pelos ares Santa Teresa no meu rastro Vejo cabelos no retrato Um movimento me arrebata É Pedro, o Grande, em seu cavalo Trezentos frades no meu rastro
No claro-escuro É que ela me vê E diz assim: "Sai daí, vem pra mim O paraíso fica aqui" Eu, dividido, digo: "Se eu tiver que ler tudo do Barroco Que tempo vai sobrar pra minha nêga?"
Tenho jardins à minha volta O povo longe, além das grades Mas Holandeses que me azaram E tenebrosos no meu rastro Tô violento e apaixonado Absoluto e perturbado É que tem ecos pela sala De alguém Furioso no meu rastro
No claro-escuro É que ela me vê E diz assim: "Sai daí, vem pra mim O paraíso fica aqui" Eu, dividido, digo: "Se eu tiver que ler tudo do Barroco Que tempo vai sobrar pra minha nêga?"
Compositor: Vitor Hugo Alves Ramil (Vitor Ramil) ECAD: Obra #14882 Fonograma #18846