Deixei a velha querência Saí de lá mui novinho Com tabuleta ao focinho E a marca já descascada Ponta da cola aparada Sinal de laço ao machinho
Por estes campos afora Deste Rio Grande infinito De pago em pago ao tranquito Repontando o meu destino Do campo grosso pro fino Fui me criando solito
Angico, Mariano Pinto Picada onde me criei Por tudo ali eu andei Bebendo e jogando a tava Bem montado sempre andava Corri carreira e dancei
Cruzei picadas escuras Prum baile ou jogo de prenda Derrubei porta de venda Pra tomá um trago de canha E esporeei boi na picanha Em tudo que foi fazenda
O que viesse eu topava Serviço, festa ou peleia Cortei muita cara feia De indiozito retovado E amancei muito aporreado Com pé-de-amigo e maneia
Um dia me deu saudades E eu fui rever o meu pago Sentir da china o afago E o vento frio do pampeiro No coração caborteiro Do meu peito de índio vago
O tempo passou, lá se foi E eu não queria que fosse Tudo pra mim terminou-se Nem eu sou mais o que era A estância virou tapera E o que era xucro amansou-se
E hoje só o que me resta É o pingo, o laço e o pala Pistola, só com uma bala E a estrada pra bater casco No cano da bota um frasco E um fiambrezito na mala
Compositores: Vitor Hugo Alves Ramil (Vitor Ramil), Joao da Cunha Vargas ECAD: Obra #1291777 Fonograma #699122