Seu Martins Vidal, eu moro no Lins e sou o tal Que há muito tempo exerço uma fiel profissão Eu não sou mais aquele antigo trapalhão! Esse otário foi roubado em Copacabana Há muito que eu não vou em cana E não saio de casa há mais de uma semana!
Seu Zé, por favor, olhe a minha feição E diga aí pro doutor se sou o verdadeiro ladrão? Otário me olhou e tornou a olhar Ficou encabulado, ficou meio encafifado! Senti mão no meu ombro, um barulho de chaves E eu encanado, vou apelar pro magistrado
Porque um advogado, é, não adianta nada Pois há tempos atrás eu fui o Morengueira, o rei da trapalhada! Retratos e fichas tenho na Central e em todo lugar Fiz, no duro, juro, muito chefe de família chorar!
Mas hoje em dia, eis porque me desespero Posso ver maior galinha morta ali, não quero! Fita brava como sou, sei o que acontece Quando a gente não se abre, não resolve! Tem que assinar o processo aqui no 399
De repente uma voz, duzentos anzóis Quase dou um acesso! Chegou a hora fatal, vou assinar o meu mal Que injusto processo! Eu finjo não ouvir, mas o chato me chama Me abate o coração, meu Deus, que horror Pela décima vez vou visitar a detenção
E entro na sala de investigação O senhor pode ir embora Vi um homem em cana Era uma pinta bacana O verdadeiro ladrão!
Vou me pirar desta pensão, comigo, não!
Compositor: Wilson Baptista de Oliveira (Wilson Batista) ECAD: Obra #198249