Na subida do morro me contaram Que você bateu na minha nega isso não é direito Bater numa mulher que não é sua deixando a nega quase nua no meio da rua A nega quase que virou presunto Eu não gostei daquele assunto E hoje eu venho resolvido a lhe mandar para a cidade de Pé-junto Vou te fazer virar defundo Você mesmo sabe Que eu sempre fui um malandro invocado Somente estou regenerado Cheio de malícia, dei trabalho à polícia pra cachorro Dei até no dono do morro Mas nunca abusei de uma mulher que fosse de um amigo Agora eu me invoquei contigo E hoje eu venho animado A lhe deixar todo quebrado E vou dar-lhe um castigo Meto-lhe um golpe kung-fu e arranco fora o seu umbigo
(falado) Catapaf, dei-lhe a primeira bolacha, mas o malandro era folgado, cheio de quais-quais-quais e resolveu me encarar. Ah, malandro, eu cheio de faixa preta, dei-lhe um grito chinês dei-lhe um balão "Iá!" e aí o melado escorreu. O melado escorreu, juntou gente, e aí no meio as mulheres nervosas "ai, meu Deus, o homem tá se esvaindo em sangue, chama o pronto-socorro, chama a ambulância". Ficou aquilo "não joga um canforado, dá uma água com açúcar", tinha pinta que até já tava na bronca comentou "que nada, dá creolina que ele fecha logo". Ia passando um senhor de cabelo grisalho, camisa estampada e perguntou "cidadão, o senhor está exorcisando o rapaz?" Eu digo "que nada, cavaleiro, que nada... essa pinta tava cheio de guéri-guéri então tou fazendo a cabeça dele porque eu sou cobra-criada". Foi então que eu disse pra rapaziada:
(cantando de novo) Vocês não se afobem que o homem dessa vez não vai morrer Se ele voltar vai pra valer Vocês botem terra nesse sangue Não é guerra, é brincadeira Vou desviando na carreira a canadura já vem E vocês dizem que eu estou me aprontando Enquanto eu vou me desviando vocês vão à justiça Pro homem do martelo é um papo dichavado: marcou bobeira na esquina, acabou sendo atropelado
Compositores: Antonio Moreira da Silva (Moreira da Silva), Antonio Ribeiro da Cunha (Ribeiro Cunha) ECAD: Obra #21204 Fonograma #2746677