Xirú Antunes
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Décima da Estância

Xirú Antunes


Um resto de madrugada um peleguito e o sogueiro
Patrício um negro antigo reponta os gateado oveiro
Vai rebenqueando sua sorte assobiando uma coplita
Soluça um vento do norte na macega umedecida
E um par de perro colera fareja lebre escondida

A mão troca a gajeta por alça de paissandu
E os ganchos de pitangueira se despedem dos couros crus
Um gateado negaceia bem na porta do galpão
Do couro de uma novilha pendurado no oitão
Da uns bufido e se acomoda tranqueando qual redomão

Um ajeita os pelego o outro ata um bocal
Um resmunga com o peçuelo o outro engraxa o buçal
Esporas e garroneiras criolina em cano de bota
O feitiço das maneias os laços a bate cola
Perfil de estância e fronteira no rubro matiz da aurora

E se vão irmãos do vento com a alma galponeira
Lhes gusta o tranco da vida ao estilo da fronteira
Por pelo duro que são tapeiam bem o chapéu
Navegam em barco crioulo quase bem perto do céu
Renascendo a cada dia nas madrugadas de deus

Aos olhos mansos de maio revisam no mais o outono
Os que vivem de a cavalo e os mandamentos crioulos
A sombra de um cinamomo
Serve um mate pra os domingos
Algum jujo é um consolo se o coração tem basteira
E a flor do campo é um regalo
Que a querência alcança aos filhos

Compositores: Luis Rogerio Marenco Ferran (Luis Marenco), Marco Antonio Gotuzzo Antunes (Xiru Antunes)
ECAD: Obra #278234 Fonograma #1583329

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