Minha muié tinha viajado não disse quando vortava
E eu fiquei desesperado por quarqué coisa chorava
E o satana desgraçado toda hora me atentava
Inventei uma festinha só pra ver se me alegrava
Comprei uma carne gorda enchi os frizi de ceva
Passei um fio pra Leoporda da Tasca da Ginoveva
Meu bem hoje eu tô sozinho se pra ti não for custoso
tô carente de carinho vem cá em casa me dá um pouso

Não arrevire os taréco enquanto a gente festeja
Já quaje me dando um treco tanto que a china bebeja
Foi sapencado a picanha fumo virando a cerveja
Não me amorde nem me arranha
pra que minha mulher não veja
O toca disco tocando só xote véio e vanera
E nóis na sala dançando no quarto e inté na banheira
Um DVD na TV dos louco de bagaceira
C'os sabiá arrepiá o sabugo, lá se foi a noite inteira

(Não mexam em nada aí gurias
- Vamo pegá sojo, bebe muito,
vamo usá até a camisola da mulher dele)

No outro dia bem cedo começou meu desespero
Recém eu tinha botado a cabeça no travesseiro
O telefone tocou: - Alô! Eu cheguei no passageiro
e o piá chegou microônibus,só me chama no berreiro

O pobre do nosso rancho que tava pior que um chiqueiro
Passei rastel na cozinha lavajato no banheiro
Lavei copo com batom e os bituco no cinzeiro
Que a minha muié tem o faro sabe tuda pelo cheiro

(-Que esculhambação é essa aqui na minha casa?
E isso aqui seu cara de pau?)

Você me traiu seu desgraçado, agora vai me pagá
Quando minha muié chegou a cosa ficou ruim
Pois foi revirando tudo taicando tudo tin-tin por tin-tin
Encontrou debaixo da cama uma calcinha de cetim
Que a china tinha deixado de recordação pra mim
Enfurecida enloucô traqueou fogo no capim
Terminou com nosso rancho e agora quer me dar um fim
Como é que uma brincadeira pode terminar assim
Ficou pior que uma cruzeira dessas que morde o cupim

(-Agora que botei fogo no nosso rancho,
vou te matar seu desgraçado
Tu vai ver o que vou fazer contigo
- Foi só uma festinha aqui em casa,
só de brincadeira com as minha amiguinha
Vai dizer que vai quere me deixar só por causa disso?
Pensa melhor amor)

por nelson de campos