Eu entrei num restaurante E sentei lá num cantinho Nisso entrou uma mulher Rodeada de filhinhos Pediu um resto de comida Nem que fosse um bocadinho O garçom foi empurrando Por cima dos menininhos Se ter fome a culpa é sua Se ponha no olho da rua E vai limpando o meu caminho
Vendo aquela triste cena Eu me revoltei sozinho Ao garçom eu fui dizendo Tome cuidado mocinho Eu não sou nenhum ricaço Mas também não sou mesquinho Ela é um ser humano E necessita de carinho Ninguém põe ela pra fora Respeite bem esta senhora E esses pobres coitadinhos
Ela vai comer aqui Com seus filhos reunidos Negar um resto de comida É um golpe dolorido Põe a toalha na mesa E atenda o meu pedido O que vier pra mim comer Pra ela será servido Eu pagarei a quantia Mas traga o prato do dia E não me venha com sortido
A senhora sofre muito Vejo pelo seu semblante Ela contou sua estória Silenciou o restaurante Meu marido foi um homem Que por nós lutou bastante Honrado e trabalhador No serviço era constante Mas ele foi assaltado E morreu assassinado Pelas mãos de um assaltante
Esse grande sofrimento É o que hoje me consome Criminoso está preso Mas não vou dizer seu nome Sei que ele está pagando Pela justiça dos homens Na cadeia tem conforto Lá ele bebe e come Por causa de um vagabundo Fiquei sozinha nesse mundo E os filhos passando fome
Compositores: Francisco Gottardi (Sulino), Moacyr dos Santos ECAD: Obra #25604