Tá vendo aquele edifício moço? Ajudei a levantar Foi um tempo de aflição Eram quatro condução Duas pra ir, duas pra voltar
Hoje depois dele pronto Olho pra cima e fico tonto Mas me chega um cidadão E me diz desconfiado, tu tá aí admirado Ou tá querendo roubar?
Meu domingo tá perdido Vou pra casa entristecido Dá vontade de beber E pra aumentar o meu tédio Eu nem posso olhar pro prédio Que eu ajudei a fazer
Tá vendo aquele colégio moço? Eu também trabalhei lá Lá eu quase me arrebento Pus a massa fiz cimento Ajudei a rebocar
Minha filha inocente Vem pra mim toda contente Pai vou me matricular Mas me diz um cidadão Criança de pé no chão Aqui não pode estudar
Esta dor doeu mais forte Por que que eu deixei o norte Eu me pus a me dizer Lá a seca castigava mas o pouco que eu plantava Tinha direito a colher
Tá vendo aquela igreja moço? Onde o padre diz amém Pus o sino e o badalo Enchi minha mão de calo Lá eu trabalhei também Lá sim valeu a pena Tem quermesse, tem novena E o padre me deixa entrar
Foi lá que cristo me disse Rapaz deixe de tolice Não se deixe amedrontar
Fui eu quem criou a terra Enchi o rio fiz a serra Não deixei nada faltar
Hoje o homem criou asas E na maioria das casas Eu também não posso entrar
Fui eu quem criou a terra Enchi o rio fiz a serra Não deixei nada faltar
Hoje o homem criou asas E na maioria das casas Eu também não posso entrar
Compositor: Lucio Barbosa dos Santos (Lucio Barbosa) ECAD: Obra #813 Fonograma #13436563