Quando cheguei nessa terra Com uma mão na frente a outra atrás O corpo comprava briga A alma clamava paz Meu companheiro de pensão vivia falando Oxente bichinho cabra da peste E eu retrucava Uai Uai Um chamava pela mãe O outro gritava pai Uai Bichinho Cabra da Peste Uai De manhã corria cada um prum canto procurando uma colocação Um comprava o Diário Popular O outro lia o Estadão À noite notícias de casa novidades, saudades e beijos A carta dele cheirava jabá e a minha cheirava queijo Uai Bichinho Cabra da Peste Uai Domingo de manhã o sol bem quente a gente ia tirar fotografia lá no Ibirapuera, sabe como é? Eu de camisa bordada no bolso sapato sem meia bem playboy Meu parceiro de roupa de brim alpercata no pé Quando dava três horas da tarde o tempo virava pintava um bitelo dum frio A gente tremia que nem vara de marmelo e o pessoal dava risada de nós Uma temporada meu parceiro foi passear na terra dele Voltou aperreado porque os meninos de lá tavam falando gírias de Copacabana Eu disse pra ele, Fique frio, parceiro. Não se avexe não. Isso aí é reflexo da televisão em rede, uai. Afinal de contas pra quê curtir o nosso sotaque o nosso folclore Se logo logo a gente vai ter uma linguagem só Padronizada É um tal de oxente my love Bah, my friend É muito you pro meu uai, sô! Já faz muito tempo que eu tô nesta terra Muita coisa já ficou pra trás Meu corpo cansado já não compra briga Mas a alma ainda pede paz Meu companheiro de pensão até hoje fala Oxente bichinho cabra da peste E eu continuo falando Uai uai Com as cacetadas destes anos todos eu fiquei mais velho que meu velho pai Uai Bichinho Cabra da Peste Uai
Compositor: Jose Geraldo Juste (Ze Geraldo) ECAD: Obra #153722 Fonograma #4768