Zé Matão e Carreirinho
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Canção do Soldado

Zé Matão e Carreirinho


Do norte eu saí
Com quinze anos de idade
Vim para uma cidade
A paulista capital
Quis ser um policial
Era meu sonho adorado

Quando me vi fardado
Senti-me muito feliz
Pra defender meu país
O dever de um brasileiro
E assim ganhei dinheiro
Fui feliz e tive sorte

Pra mandar para o norte
Pra buscar minha mãezinha
Que há tempo eu deixei um dia
Que pra lá ficou sozinha
E há muitos anos
Nós não se via

Um amigo avisou-me
Que fosse ao cemitério
Que lá no necrotério
Se achava uma velhinha
E documento não tinha
Apenas um retrato

Com o meu nome exato
Para lá segui
Quando eu a vi
Era a minha mãe querida
Que arriscando a vida
Saiu a minha procura

Passou fome e amargura
Dormindo pelas calçada
Sem dinheiro, quase nua
Numa fria madrugada
Encontraram morta
Num beco de rua

A cena mais triste
Que enfrentei na minha vida
Ver minha mãe querida
Inerte num caixão
O meu pobre coração
Quis saltar fora do peito

Meus sonhos foram desfeitos
Tão feliz podia ser
Assim mesmo ouvi dizer
Uma pessoa qualquer
No coração de mulher
Diz que não existe amor

Minha mãe sofreu horror
Deu a vida ao meu respeito
Vivo triste pelas ruas
Tirei o luto do peito
Mas no coração continua

Compositor: Adauto Ezequiel (Carreirinho)
ECAD: Obra #3157

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