Sou um privilegiado Nasci em berço de couro Em nada, nada eu invejo Quem nasce em berço de ouro Essa minha liberdade É o meu maior tesouro Eu canto simplicidade E a passarada faz coro Perdoar é o que prego E pra dominar meu ego Se for preciso carrego Pra casa algum desaforo
Quem nasce em berço de ouro Raramente pode ver O sol brotar radiante Logo após o amanhecer E o canto da passarada Não lhe traz nenhum prazer Por ter a mente embotada Pela sede de poder Não vê que na natureza Está a maior riqueza Sem ostentar realeza A gente é rei sem saber
Já tenho até meu castelo Um rancho no fim da linha Feito só de barro e paia Onde eu sento de tardinha No baldrame do palácio Pra assuntar as andorinhas A saracura três pote As araras e as rolinhas Nesse chão abençoado Sou um rei considerado Pra completar meu reinado Só me falta uma rainha
Meu trono é um cupim chato No alto de um outeiro Embaixo de um pau-d'óleo Que dá sombra o ano inteiro Cercado de passarinhos Os meus fiéis companheiros Dali envio mensagem De caipira verdadeiro A viola me auxilia E através da poesia Consolido a monarquia De Dom Zé Ninguém Primeiro
Compositores: Jose das Dores Fernandes (Ze Mulato), Joao Monteiro da Costa Neto (Cassiano) ECAD: Obra #1831477 Fonograma #1186327