Vida do caçador é um viver gozado, Naquele sertão, pra quem é inclinado, anta e cateto, tem pra todo lado. Naquelas matanhas, lugar cultivado Se vê ta trançando de rasto de viado. Domingo e dia santo eu fico animado Eu trelo os cachorro e apronto o virado E toco a buzina, dou um repicado É cachorro que urra, na trela amarrado.
Eu saio cedinho, bem de madrugada Vejo o rasto fresco, na terra molhada Eu solto os cachorro, eu vou pra cilada A minha espingarda, já está preparada Com bucha de cera, e bem carregada Escuto e saio, é a cachorrada O bicho levanta, vem na disparada Mateiro amarelo, no pular da estrada Eu atiro e ele cai, de perna virada.
A buzina é metal, do bocal arcado Patrona de couro, do tigre pintado Espingarda vinte e oito, do cano trochado Facão jacaré, bem embainhado Cavalo pitiço, hoje vai pesado Tenho no arreio, dois pinto engraxado Ponho um na garupa bem atravessado O pitiço trais o mateiro amarrado Vem pingando sangue, onde foi chumbado Eu toco a buzina, chamo a cachorrada, ai, ai, Chega de um em um, é o final da caçada, ai,ai.
Compositores: Adauto Ezequiel (Carreirinho), Jose Dias Nunes (Tiao Carreiro) ECAD: Obra #13949