Tarde da vida quando se amontoa os anos debruçado em desenganos da minha desilusão, fico espiando da janela do presente retalhos de antigamente que me dói como ferrão. Vai boi penacho, puxa o carro boi carreiro companheiro de viagem nas quebradas do sertão, leva essa carga, rasga o barro do caminho se couber leva um pouquinho de mágoa desse peão.
Peão que chora quando vê o sol baixando e um carro de boi cantando seu gemido de paixão, sai num suspiro meu gemido solitário e desfia o meu rosário em contas de solidão. Sou um carreiro vencido pelo cansaço mas me lembro do chumaço, da chaveia e dos cocão eixo e fueiro, cabeçalho, cheda e mesa velho tempo de riqueza que virou recordação.
Ainda me lembro recavem e o pigarro cunha na roda do carro, cambota, arreia e meião, chapa esse cravo, canzil, brocha e tamboeiro o ajoujo, a tiradeira, argola, canga e cambão. Vai boi Penacho puxa o carro e vai embora já venceu a minha hora, terminou minha missão, leva essa carga de tristeza que me invade se couber leva a saudade que me aperta o coração Vai boi Penacho puxa o carro boi Carreiro companheiro de viagem nas quebradas do sertão, leva essa carga rasga o barro do caminho se couber leva um pouquinho da mágoa desse peão.
By: Daniel Martins
Compositor: Jose das Dores Fernandes (Ze Mulato) ECAD: Obra #2729054 Fonograma #1573108