Depois que passa os 50 o homem fica treteiro Muitas coisas ele inventa pra livrar do desespero O trem que era uma pimenta já não tá mais tão ligeiro Perde a fé na ferramenta e apela pro raizeiro Mas nem sempre um curador, oi larai É muito bão conseieiro
Para miorar, zi fio, vai dizendo o curandeiro Verga teso é muito bão e não lhe custa dinheiro Arranja um amor lá fora bem longe do seu terreiro Quanto mais longe mió pra evitar os fuxiqueiro Formiga viva não corta, oi larai Abeirando o formigueiro
Dá até pra viver bem se o caboclo for trecheiro Uma visitinha em casa, outra no amor passageiro É somente um enfastio, me disse um véio mineiro Feijão com arroz todo dia desanima o companheiro Enjoou do marmitão, oi larai Tem que mudar os tempero
Tristeza do cinquentão é notar que os janeiro A cada ano que passa fica bem mais fraiçoeiro Aparece as macacoas, ele já fica cabreiro Espingarda que era boa, hoje lenca o tempo inteiro Vez em quando sai um tiro, oi larai Mas não é dos mais certeiro
Pelo excesso de uso não adianta mais armeiro A espingarda é condenada, vai pro lixo ou pro ferreiro Antes atirava à toa, bastava sentir o cheiro Hoje o cano não faz mira, não quer ficar mais linheiro Quando ameaça subir, oi larai A pressão sobe primeiro
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)
Compositor: Jose das Dores Fernandes (Ze Mulato) ECAD: Obra #476384 Fonograma #48326790