Coloquei os meus pertences Todos num par de bruaca E cangaiei a mula véia Que já anda meio fraca O pouco troquinho que eu tinha Eu coloquei na guaiaca Peitoral de estimação Todo em argolas de alpaca Esse eu pus no alforje Junto ao quadro de São Jorge Pra livrar de urucubaca
Nessas bruacas de couro vai Tudo que me restou Levo a Escritura Sagrada Que a minha mãe me deixou Que servirá de conforto Pra esquecer o que passou Preciso arrancar da mente Alguém que nunca me amou Mas não me estou revoltado O homem sendo provado É somente o que eu sou
Sem saber porque eu fui Algo de perseguição O sítio que eu formei Eu perdi numa questão A mulher que eu adorava Me deixou pelo patrão Acho que sua beleza Despertou a ambição Então pra não piorar Resolvi me retirar E optei pelo perdão
Dizem que não cria lodo Pedra que sai do lugar Mas estando na ladeira Se quiser tem que rolar Talvez chegando na grota A água vai lhe encontrar Mesmo sendo meio tarde O lodo há de criar Para trás eu deixo a dor Vou em busca de amor Eu não pretendo voltar
Olhei por cima do ombro Disse adeus a minha terra Deixei tudo que sonhei Mas meu coração não erra Aqui perdi a batalha Mas não vou perder a guerra Tive um triste desengano Mas bom cabrito não berra Fui traído, mas eu juro Que tenho fé no futuro E o passado a gente enterra
Compositor: Jose das Dores Fernandes (Ze Mulato) ECAD: Obra #10813834 Fonograma #11342351