Um gadinho curraleiro pastando lá no varjão Lá na vazante do rio roça de arroz e feijão O meeiro tá contente com o viço da plantação Ora canta, ora assovia o trecho de uma canção Também fico embevecido, pois nem tudo está perdido Sertão ainda é sertão
Passarada ainda canta, curió, corrupião Trinca-ferro, tangará, sabiá, saracurão Assanhaço faz regência, canta no pé de mamão Na capoeira fechada canta o príncipe azulão O canto de uma perdiz me faz suspirar feliz Sertão ainda é sertão
Nosso sertão sobrevive apesar da agressão Da ganância dos humanos que destrói o nosso chão Mas cá onde a moto-serra e o trator nunca virão Não tendo ouro nem prata que a meu ver é perdição Aqui a mãe natureza renova a sua beleza Sertão ainda é sertão
Aqui no meu pé de serra finquei o meu coração Os esteios fiz de paz, pus poesia no eitão Os baldrames pura fé e os barrotes de ilusão Cobri tudo de esperança, desafio a solidão Neste mundão de meus Deus vou vivendo os dias meus Sertão ainda é sertão
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)
Compositores: Jose das Dores Fernandes (Ze Mulato), Joao Monteiro da Costa Neto (Cassiano) ECAD: Obra #3571215 Fonograma #2140432