Eu vivo abatido, meio constrangido Muito aborrecido de um tempo pra cá Ai, eu vivo tristonho, toda a noite eu sonho Com um amor risonho a feição leal
Ai, essa minha tristeza, não tenho defesa Por essa beleza que me faz penar Ai, meu viver é um enredo que até tenho medo Porque o meu segredo eu não posso contar
No recanto onde eu moro tem dia que eu choro Esse amor que eu adoro eu não posso enxergar Ai, porque o velho é medonho, parece o demônio Eu não me disponho ir lá visitar
Ai, quando é de madrugada canta a passarada Tão lindas toadas que me faz sonhar Ai, o seu rosto moreno, seu olhar sereno O que nós combinemos tem que realizar
Quando chega a tarde na beira da vargem Na copa das árvores canta o sabiá Ai, a tarde escurece e o nevoeiro desce Eu rezo uma prece e vou me deitar
Ai, dobra o meu sofrimento O meu pensamento nas asas do vento começa a voar Ai, se às vezes que eu a vejo ela me desse um beijo Matava o desejo que quer me matar
Eu no braço da viola sou meio gabola Porque tive escola e posso gargantear Ai, nas minhas cordas afinada eu canto toada E moda dobrada de arrepiar
Ai, a gente que é solteiro bate um desespero Sendo um bom violeiro ainda quer se casar Ai, mas depois que se casa a mulher vira brasa Vai queimando a asa e não deixa voar
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)
Compositor: Adauto Ezequiel (Carreirinho) ECAD: Obra #2527225