Num restaurante grã-fino Chegou um senhor mal trajado Sentou na mesa e pediu Um almoço reforçado O garçom lhe respondeu Com um modo indelicado Procure outro ambiente De acordo com seu estado Só recebemos elite Esta casa não permite Freguês chapéu atolado
Passava das doze horas Muita gente no salão Normalistas e doutores Pessoas de posição O caboclo envergonhado Com a atitude do garçom Foi saindo constrangido Pela grande humilhação Antes de sair na porta disse Aguarde a minha volta No traje de cidadão
Procurou uma barbearia Cabelo e barba cortou Camisa, terno e gravata Sapato e meia comprou Artigos de alta classe Muito caro lhe custou Pagando com cheque ouro Ao negociante falou Não tenho aparência nobre Mas o ouro não é cobre Eu quero mostrar quem sou
No outro dia bem cedo Um carro novo comprou As doze horas em ponto No restaurante chegou Não sendo reconhecido Na mesma mesa sentou Pediu a melhor bebida O preço não perguntou Foi gentilmente atendido O garçom muito exibido De doutor já lhe chamou
Respondeu, não sou nenhum doutor Não seja tão delicado Se ontem aqui nesta casa Por você fui maltratado Eu tenho muitas fazendas E muitos mil empregados No meu campo de trabalho Não se anda engravatado Quem dá luxo e vaidade Pros bacanas da cidade É o chapéu atolado