Zeca Baleiro
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Belzebu de Saia

Zeca Baleiro


Se você aguarda ansiosamente
Que eu ainda te chalere
Não espere, eu não chalero
Meu considero
Eu não suporto não tolero lero-lero
Vamos deixar em uma a zero?
Juro por Deus e pelo santíssimo clero
Que eu não te quero
Nem pintado de amarelo
Sua mensalina
Eu nunca tive vocação pra Nero
Só me arrependo do dia
Em que ofegante no cinema exclamei
Chérie, my love, eu te venero!

Há quanto tempo que eu ouvia esse falatório
Não se falava outra coisa no escritório
O açougueiro, o quitandeiro e até o boticário
E você sempre era o pivô do comentário
Agora basta, mandei acabar com este palavrório
Do caldeirão de breu você pode escapar
Mas não escapará
Da panela de pressão do purgatório
Mas eu não tô aqui pra Cristo
Nem pra General Osório

Se você pensa
Que ainda sonho com os teus afagos
Os teus lábios nos meus lábios
Ou beijando os meus bagos
Sai dessa nega, chega de pose
Barata que te roa
Eu ando bem você ta boa?
Mulher à toa
Te desconjuro
Eu nunca vi tanta urucubaca
Ah pro inferno sua bruaca, sua mocréia
Eu sei me defender
Do teu feitiço de Medeia
Mas devolve aquele disco
Que eu comprei da Wanderléia

A vida é mesmo esse campeonato
É um grande perde ganha
E ganha mais quem mais barganha
Por conta disso
Pouquinha coisa no mundo hoje me assanha
E ainda me chega essa desgranha
Doida falsa e sem vergonha
Meu São Longuinho
Ah dai-me forças não agüento mais
Vade retro Satanás
Vai caçar teu pasto
Procura outro
Deus é pai não é padastro

E never more
I don´t sleep no ponto chuchu
Não dou carniça pra urubu
Da próxima vez
Antes do peixe eu armo um sururu
Não me agüento
Vou acabar recitando Bilac
Ora dareis um piripaque
Um firiquite little black
Um faniquito
Certo perdeste o senso do ridículo
Eu tenho cara de jerico?
Bem que sou manso
Mas não sei mugir, boi é que muge
O meu amor não é babuge
Não é sabejo, nem só abraço
É maior que Moulin Rouge
E vá limpar a sua cara cheinha de rouge
Antes que eu mesmo suje

Como dizia Alain Delon
O amor é sempre osso
Quando não é carne de pescoço
Como dizia Charles Aznavour
O amor é fria mon amour
Só tem caroço nesse angu
Eu sou tão moço
Eu não mereço tanta consumição
Eu mesmo não
Dalila larga dessa tesoura
Que eu não sou Sansão

Agora veja
Vem e me diz que ainda me deseja
Sai de banda Dona Beija
Vai tomar chá de carqueja
Você não vai ter
Minha cabeça Salomé numa bandeja
Vai embora
Ou você ainda vira capa da revista Veja
Dessa murrinha
Jesus de Nazaré que me proteja
Deus livre e guarde desta tentação do cão
E assim seja
Compositor: Jose de Ribamar Coelho Santos (Zeca Baleiro) (UBC)Editor: Ponto de Bala (UBC)Administração: Universal Music Publishing Mgb Brasil Ltda (UBC)Publicado em 2004 (26/Mai) e lançado em 2004 (01/Ago)ECAD verificado obra #1217741 e fonograma #676853 em 29/Out/2024 com dados da UBEM

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