Eu um dia cansado que tava Da fome que eu tinha Eu não tinha nada Que fome que eu tinha , Que seca danada no meu ceará Eu peguei e juntei Um restinho de coisas que eu tinha : Duas calças velhas e uma violinha E num pau de arara Toquei para cá. E de noite eu ficava na praia de copacabana Zazando na praia de copacabana Dançando o chachado pras moças olhá
Virgem santa Que a fome era tanta Que nem voz eu tinha Meu deus quanta moça Que fome que eu tinha
Mais fome que tinha no meu ceará Puxa vida que num tinha uma vida Pior do que a minha Que vida danada , que fome que eu tinha Zazando na praia pra lá e pra cá Quando eu via toda aquela gente No come que come Eu juro que eu tinha saudades da fome Da fome que eu tinha no meu cearà E ai eu pegava e cantava E dançava o xaxado E só conseguia porque no xaxado A gente só pode mesmo se arrastá.
Virgem santa Que a fome era tanta Qu'inté parecia que mesmo xaxado Meu corpo subia Igual se tivesse querido voar.
Vou-me embora pró meu ceará Porque lá tenho um nome Aqui não sou nada Sou só zé com fome Sou só pau de arara Nem sei mais canto Vou picar minha mula Vou antes que tudo rebente Porque estou achando que o tempo está quente Pior do que antes não pode ficar.
Compositores: Carlos Eduardo Lyra Barbosa (Carlos Lyra), Marcus Vinicius da Cruz de Mello Moraes (Vinicius de Moraes) ECAD: Obra #22527