Peço licença pra contar a minha historia Para isso solicito um momento de atenção Fiquei viúvo com dez anos de casado Com três filhinhas pequenas precisando proteção. Faz tanto tempo que se deu isso comigo Até hoje quando lembro, o meu pranto ainda cai Eu lutei tanto pra criar as minhas filhas Sofri muito pra fazer o papel de mãe e pai.
Depois de moça a minha filha mais velha Se uniu a um moço rico de elevada posição Daí a um ano a minha filha do meio Também se casou com outro muito bem de situação. Mas a caçula não teve a sorte das outras Arranjou um operário, desses que marca cartão Pobre menina iludida por amor A um pobre João Ninguém, entregou o seu coração.
Passou um tempo, me senti muito mal Procurei um hospital, assim me disse o doutor: -Vai ser preciso uma operação urgente Do contrário só um milagre salva a vida do senhor. Vou me entregar as minhas duas filhas ricas Mas sem ordem dos maridos não puderam me atender Pra filha pobre eu nem vou pedir ajuda O marido da coitada, mal fazia pra comer.
Mas a caçula soube e ficou quase louca Foi na firma e o meu drama ela explicou Na mesma hora ele procurou seu chefe E o dinheiro necessário o patrão adiantou. Fui internado e bem cuidado Já estou recuperado, me sentindo muito bem Não sinto mágoa de nenhum dos genros ricos Mas eu devo a minha vida Ao meu genro João Ninguém.
Compositores: Benedito Onofre Seviero (Benedito Seviero), Luiz de Castro ECAD: Obra #35785 Fonograma #37476469