O meu pai foi boiadeiro Cresci na lida com muito amor Se hoje sou bão no laço O velho foi o meu instrutor
Ele me falou um dia Quando deixou de transportar boi Meu filho, tome esse laço Pode amarrá o mestiço que for Na lida bruta do gado Já lacei boi enjeitado Sem ninguém prestar favor
Eu vinha do pantanal Enfrentando a viagem com o calor Destinado a São Paulo Trazia um gado pro embarcador
Quando cheguei no destino O meu coração se fez sofredor Vi uma cabocla bonita De olhar ligeiro, encantador Balancei a minha vida Eu até deixo da lida Se no caso ela se opor
Depois de entregar o gado Ali na firma pro comprador Eu fui e falei pra moça Meu casamento vim lhe propor
Ela então me respondeu Não queira ser o conquistador O peão que vive na estrada Não leva honras de um bom feitor Por isso um pedido eu faço Me entregue esse laço Que é pras mão nele não pôr
Nessa hora a cidade Foi alarmada por um fator Um mestiço muito arisco Saltou a cerca do corredor
Entrou à cidade a dentro Causando dano e grande furor No pátio de uma escola O boi foi entrando igual um terror Provocando o pantaneiro Alarido e desespero Em criança e professor
Muita gente na escola Já desmaiava só de pavor Puxei do meu trinta e oito Mas quando eu ia rodá o tambor
Nessa hora no meu rosto Senti a pele mudar de cor Resolvi pegar de laço Com a destreza de pealador Lutei com o boi erado Mas levei ele arrastado Molhadinho de suor
Um peão de boiadeiro Pode ser rude mas tem amor Levei o laço pra moça Meu coração picava de dor
Ela então me respondeu Sua profissão tem muito valor Te quero por toda a vida Com o teu gesto conquistador Lacei o boi com categoria Com o laço da simpatia Lacei essa linda flor