Belchior
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Monólogo Das Grandezas do Brasil

Belchior

Auto-Retrato


Todo mundo sabe/todo mundo vê
Que tenho sido amigo da ralé da minha rua
Que bebe pra esquecer que a gente é fraca, é pobre, é vil
Que dorme sob as luzes da avenida, é humilhada e ofendida pelas grandezas do brasil
Que joga uma miséria na esportiva só pensando em voltar viva pro sertão de onde saiu

Todo mundo sabe (principalmente o bom deus, que tudo vê)
Que os homens vão dizer que a vida é dura e incompleta
Pra quem não fez a guerra e não quer vestibular
Pra quem tem a carteira de terceira
Pra quem não fez o serviço militar
Pra quem amassa o pão da poesia
Na limpeza e na alegria contra o lixo nuclear.

Como uma metrópole,O meu coração não pode parar
Mas também não pode sangra eternamente

Ta faltando emprego neste meu lugar
Eu não tenho sossego eu quero trabalhar
Já pensei até em passar a fronteira.
- eu vou pra são paulo e rio (eldorados da além - mar)
A estrada é uma estrela pra quem vai andar.
Oh! não! oh! não!Ai! ai! que bom que é
A lua branca, um cristão andando a pé!
Ai! ai! que bom, que bom se eu for
Pés no riacho, água fresca, nosso senhor!

Vou voltar pro norte/ semana que vem
Deus já me deu sorte/ mas tem um porem
Não me deu a grana/ pra eu pagar o trem.
Compositor: Antonio Carlos Belchior (Belchior) (UBC)Editor: Fortaleza (AMAR)Publicado em 1982 (19/Abr)ECAD verificado obra #53902 e fonograma #944102 em 10/Abr/2024 com dados da UBEM

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