Boss Ac
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Andam Ai

Boss Ac


Nunca pensei chegar aonde cheguei
Atrás duma vida fácil só Deus sabe o que passei
Achava que sabia demais
“Deixem-me em paz” dizia sempre aos meus pais
Nunca passei fome, nunca andei descalço na rua
Mas sonhava acordado com o mundo da lua
O que eu tinha para mim era pouco, não chegava
Eu cobiçava, a vida fácil acenava
Como sempre naquela noite também saí
Surgiu então o caro mais dred qu’alguma vez já vi
Vidros’curos, jantes’peciais, lá dentro quatro fumam “high”
Páram à minha frente, de repente um dos bumbos sai
“Com’é, black, quero falar contigo
Não há perigo, considera-me teu amigo” disse
“Precisamos de um gajo esperto como tu
Se quiseres colaborar, a gente enche-te de kumbú
Só tens que arranjar quem nos compre o produto
Toma um charuto, assim mudas de estatuto
Puto, dou-te um tempo pa’pensar
Pa’veres qu’é verdade toma isto para começar
Uma, duas, três, dez de mil
Se queres ser alguém convém...”

REFRÃO

Esta é para aqueles que auerem viver na ilusão
Mais tarde ou mais cedo vão cair
Não queiram entrar nesse filme
Eles andam aí
E de repente o que era doce agora é bem amargo
Lágrimas não apagam o que fizeste
Não queiras entrar nesse filme
Eles andam aí

Pensei e aceitei a proposta
Amanhã telefono pa’dar a minha resposta
Agora sou “dila” já comprei um telemê
Fiz as minhas “connections”, agora sou o puro “quê”
Só quero dinheiro, mulher
‘Tou na “life”, agora faço o que quiser
O tempo foi passando, o negócio a prosperar
É só pausar, a noite toda a pilar
Uma dama qualquer, à luz de velas bebemos “wine”
Lençóis de seda, dispo o boxer Calvin Klein
Carregado d’ouro, considerem-me o xerife
Só como bife, eles invejam a minha “griffe”
Corro, todas as discotecas é certinho
Farto-me de curtir porque nunca ‘tou sózinho
Já bem raiado, entorno álcool até cair
Agora mamo vodka, whisky puro a seguir
O que eles queriam era o que eu vendia, noite ou de dia
Acontecia, como que por magia
Era vender e desaparecer
Se ao menos eu soubesse onde me ‘tava a meter...

REFRÃO

Já chega de ser pequeno, quis ser patrão
Faca e queijo na mão, comprar um grande carrão
Dinheiro é tentação, quanto mais tinha mais queria
Até um dia...
Eles eram três e eu ‘tava sózinho
Se não vir o dinheiro primeiro, desculpem mas não alinho
“Ok, ok ‘tá’qui a mala, podes contar
Agora dá-nos o qu’é nosso já é tarde temos que bazar”
A rua ‘tava escura com’é qu’eu ia saber
Nisto para um carro azul, saem dois gajos a correr
Polícia!!! Meti-me num beco e corri
Tiros passam bem perto não sei como não morri
Fui o único que escapei
Trouxe o dinheiro comigo, vão pensar qu’os denunciei
Cheguei a casa a tremer, Meu Deus qu’é que vou fazer
Tenho qu’arranjar lugar p’ra me esconder
Agora sei que eles andam aí atrás de mim
Acordo de noite a suar, por sonhar com o fim
Saio à rua armado, da minha sombra tenho medo
A mão direita no bolso, no gatilho tenho o dedo
O beco é estreito, agora o mal já ‘tá feito
Vejo sombras em todo o lado, tudo é suspeito
Choro em vão, ninguém pode m’ajudar
Arrependo-me em silêncio, sei que hão-de m’apanhar

Compositor: Angelo Cesar do Rosario Firmino
ECAD: Obra #215660

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