Eu moro bem lá no mato, não tem nem som de vitrola Lá eu vivo sossegado, não tem ninguém que me amola O meu vizinho mais perto é uma tribo de corola É ouvir meus passarinhos, cantam fora da gaiola Ainda sou pedra bruta, eu sou um caboclo pachola Sou feliz vivendo assim eu, meu Deus e a viola
De manhã vou pro serviço, a preguiça não me assola Preparo minha marmita e ponho numa sacola Chego até queimar a mão no cabo da caçarola! Escuto o galo cantando no galho da carambola E no terreiro o barulho do "tô fraco" das angolas Sou feliz vivendo assim eu, meu Deus e a viola
Eu faço do tempo o tempo, a natureza é uma escola Eu bebo as minhas pinguinhas e a pressão não descontrola Quem canta seu mal espanta e tira a tristeza de sola Até escrevo uns versinhos, quando me vem na cachola Se tenho aborrecimento a viola me consola Sou feliz vivendo assim, eu, meu Deus e a viola
Tem porquinhos no chiqueiro, redondinhos que nem bola Tem fatura no terreiro, nunca precisei de esmola Peitoral do puro sangue é de ouro e prata quinze argolas Com pedrinhas de brilhante num capricho que extrapola Tô com tudo e mais um pouco a miséria lá não rola Sou feliz vivendo assim eu, meu Deus e a viola
Compositor: Sebastiao Cezar Franco (Cezar) ECAD: Obra #5276416 Fonograma #2264641