Vem Cá Cara do Ladrão
Sou mais um sobrevivente da guerrilha armada,
Não idolatro quem anda de terno e gravata,
Quem faz a diferença nos becos é a farda,
A polícia que protege também mata,
O crime é opção, o coração vai a milhão,
Vem cá cara do ladrão, pode crer é arriscado,
Mão branca aqui é mato, estão sempre no pião,
Guardando o patrimônio do patrão,
Pra ser tomado, quem tá envolvido tá ligado,
Na rua a mesma rotina, só muda á cada vítima,
O burguês acuado, a cada caso um assassinato,
Cidade grande cercada de favela,
Quem não se adianta, desanda, vira cadáver na viela,
É o mundão, não tem ficção,
O sangue que corre no asfalto é de mais um irmão,
Na mira do sistema não posso falhar,
A minha resistência é contrariar,
Mesmo não devendo eu também posso ser vítima,
Não dão a mínima,
Extermínio a sangue frio e que se foda a sua família.
Refrão;
PU-RA-PA-PA-PÁ,
O crime é opção, coração vai á milhão,
Vem cá cara do ladrão, pode crer que é arriscado,
Mão branca aqui é mato PU-RA-PA-PA-PÁ,
O crime não aceita falha.
Malugos que iludem e iludem o domínio do raciocínio real,
Acham-se mais sábios por que falam de Deus,
Fazem comércio com as palavras do pai,
Metáforas, só querem estatus,
Deus me perdoe, não misturo estação,
Satisfação, Mano Mikimba, DMC em ação,
Esse aperto de mão significa união,
Com atitude e proceder será digno de ser,
Respeito, humildade, conexão irmandade,
Na sul malhação sem contradição,
Não corre pro boi, bate de frente de frente,
Não desconversa não, que só existe um pacto,
E na idéia é só quem é, o júri é na rua,
Zé Povinho é mato e nós queima né?
Vivo num beco sem saída, mas luto por uma razão,
Na minha concepção está tudo errado,
Brasil país admirado e cobiçado pelo mundo,
É como diz o Sabotage,
Rap é compromisso e não é viagem,
Rappers de verdade lutam por uma razão,
O livre arbítrio, liberdade de expressão para nossa nação,
Onde a base da moral é a ética da polícia morfética,
Fatos e fatos que não foram comédia,
Eu já cantei e protestei o rap do racismo do gambé,
Mas continuo tendo fé sempre na fé,
Aquele axé, ando com cautela,
Santos e orixás peço para me guardar,
Numa sociedade onde sou mais um fantoche,
Que atravessa os tempos,
Discriminação racial, realidade dura que ainda continua,
Querem que eu fique o louco da Globo,
Querem que eu seja mais um fracote,
Aquele mano, mano, mano de ted lock,
Pra porra do sistema me dar um bote.
Refrão
A noite sombria esconde a morte,
O tempo vazio facilita o bote,
Foram poucos que tiveram a mesma sorte,
Sem chance é o fogo cruzado ambos os lados,
Filme real contra o regime podre da sociedade,
Faço parte dessa realidade,
Corro da polícia, sou suspeito,
Com dois irmãos para serem presos,
Pois a lei só favorece a eles mesmos,
Somos julgados, só Deus é quem sabe,
Certo ou errado já tombou vários,
Represento São Mateus, zona leste é muita treta,
Mantenho a real se for por bem ou por mal,
A cada segunda a lei do silêncio impera a lei da bala,
Na mira, na reta de uma quadrada,
Tornando a população indignada,
Na tela da vida sem clamor,
Vila Formosa, Vila Alpina, Vale da Morte,
Guarda os corpos dos guerreiros que lutaram,
Pela vontade de Deus, cumpriram a meta e descansaram,
No manto sagrado do divino Senhor.
Refrão
Compositores: Mikimba, Mago Abelha, Lerap e DJ Wlad