Amanhã vai ser outro dia (três vezes) Hoje você é quem manda falou, tá falado não tem discussão, não. A minha gente hoje anda falando de lado e olhando pro chão. Viu? Você que inventou esse Estado, inventou de inventar toda escuridão. Você que inventou o pecado esqueceu-se de inventar o perdão. Apesar de você amanhã há de ser outro dia. Eu pergunto a você onde vai se esconder da enorme euforia? Como vai proibir quando o galo insistir em cantar? Água nova brotando e a gente se amando sem parar. Quando chegar o momento esse meu sofrimento vou cobrar com juros. Juro! Todo esse amor reprimido, esse grito contido, esse samba no escuro. Você que inventou a tristeza ora,tenha a fineza de desinventar Você vai pagar, e é dobrado, cada lágrima rolada nesse meu penar. Apesar de você amanhã há de ser outro dia. Ainda pago pra ver o jardim florescer qual você não queria. Você vai se amargar vendo o dia raiar sem lhe pedir licença. E eu vou morrer de rir e esse dia há de vir antes do que você pensa. Apesar de você amanhã há de ser outro dia. Você vai ter que ver a manhã renascer e esbanjar poesia. Como vai se explicar Vendo o céu clarear, de repente, impunemente? Como vai abafar nosso coro a cantar, na sua frente. Apesar de você. Apesar de você amanhã há de ser outro dia. Você vai se dar mal, etcetera e tal, La, laiá, la laiá, la laiá…
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Compositor: Francisco Buarque de Hollanda (Chico Buarque) ECAD: Obra #2075676 Fonograma #6296845