A inflação e o salário se encontraram de repente O salário cabisbaixo, a inflação toda imponente Criticando a humildade foi dizendo mal criada Seu baixinho inconformado você não está com nada. O salário envergonhado foi dizendo bem Cortez Afinal quem é a senhora, pra que tanta estupidez A inflação muito arrogante respondeu toda orgulhosa Sou a força poderosa que arrasa com vocês.
Eu sou filha do dinheiro ganho desonestamente Sou neta do juro alto, do agiota sou parente Eu sou prima do desfalque, do luxo desnecessário Ajudar ao semelhante pra mim é cosa de otário. Dificulto a prestação que aumenta sem piedade Eu acelero a ganância e outras barbaridades Quem esbanja do meu lado sempre tem aceitação Sou a famosa inflação afligindo a sociedade.
O salário respondeu você é cheia de trama Estou muito revoltado com a sua grande fama A senhora é responsável por um sucesso aparente E também por sua culpa veio miséria pra gente Eu sou o pobre salário irmão da renda precária O meu pai é o suor da nobre classe operária Minha mãe é a lavoura de milho, arroz e feijão Ouça bem dona inflação e senhora é mercenária.
Vê se você vai andando sua bruxa descarada Vive ainda nesta terra gente bem intencionada Deixe de rondar meu povo que trabalha honestamente Saiba que sua presença esta sendo inconveniente Não existe neste mundo o que Deus do céu não veja O sol nasce, aquece a terra, venta, chove relampeja, Eu sou o salário humilde da cidade e do sertão E abraça neste chão toda a gente sertaneja.
A inflação foi respondendo no meio de uma risada Sua ficha, seu salário não me assusta em quase nada Agora me dá licença eu preciso ir adiante Vou indo com meu cortejo pra negociata importante O salário disse a ela todo cheio de razão Eu nasci pra ser humilde e não mudo de opinião Nunca fui inconformado como a senhora falou Saiba você que eu sou o equilíbrio da nação.
Compositores: Chrysostomo Pinheiro de Faria (Crisostomo), Osvaldo Franco (Dino Franco) ECAD: Obra #18589 Fonograma #3092510