Por eu ter notícia de um bom cantador E uma linda moça do nosso interior Pediu que eu cantasse ao menos por favor Nem que fosse um verso dos mais inferior
Respondi pra ela não sou professor Tudo quanto eu canto tem pouco valor Mas meus versos servem pra acalmar a dor De um peito que sofre ingratidão de amor
Afinal de contas fiz o seu mandado Cantei um versinho muito bem cantado Ela agradeceu com muitos agrados Eu fiquei contente, fiquei obrigado
Cantei um versinho do cabelo ondeado Ela também tinha o cabelo cacheado Deu cinco suspiros, me chamou de um lado Perguntou se eu era solteiro ou casado
Menina, menina você se periga Deixe de bobagem, largue mão de intriga Casar com violeiro é pra viver de briga Você se aborrece da próprias cantigas
Pra larga não pode porque Deus castiga Pois eu sou violeiro e não faz mal que eu diga Ouça meu conselho, avise suas amigas Que toque de viola não enche a barriga
Por isso que eu digo que um rapaz solteiro Pra gozar a vida deve ser violeiro Viajar embarcado sem gastar dinheiro Se quer namorada tem até os milheiros
Entrar no salão com os olhos morteiros No cantar sereno de dois companheiros Na mais bonitinha bate um desespero De meia-noite em diante está no cativeiro
Eu falo a verdade não é intimação Nas festas que eu chego com a viola na mão Canto algumas modas por inclinação Toco na turina responde o bordão
Dois peitos serenos dentro de um salão Já vê as morenas mudar de feição Porque meus versinhos dói no coração Quem sofre saudade (“O que acontece companheiro?”) Morre de paixão
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)
Compositores: Adauto Ezequiel (Carreirinho), Lucio Rodrigues de Souza (Ze Carreiro) ECAD: Obra #108380 Fonograma #1656319