É uma casa velha antiga Conheço desde a mocidade Mas sei que tem mais idade Se eu tivesse vivido duas vidas Ali Sempre esteve erguida Coisas que hoje não se faz repetir ninguém é capaz. Nela tudo é perfeito Tem arte até nos defeito Coisas do tempo de traz.
Plantada encima do alto Onde a vista é perfeita Quando sol nasce e se deita È bela sua paisagem Parece até uma miragem. Feita por nossa senhora Que por ali também mora. Cuidando sempre seu rebanho O que não é estranho Na virgem de toda hora.
As paredes tortas são de taipa Outras de tijolos são linheiras Do chão até a comunheira Parece que tudo é grande O alpendre logo se espande Pela frente e lateral São muitos vãos no total Com salas quartos e cozinha Madeirados com brabos e linhas Tirados todos do carnaubal.
Ripas e caibros roliços De pau branco e pereiro Não custor o dinheiro Das construção moderna Foi tirado da própria terra Tudo feito a mão A ferramenta era foice e o facão O serrote chibanca e martelo Um machado e até um cutelo Foi usado na construção.
Suas janelas e portas Rusticamente assentada Com ferrolho era travada Feito da própria madeira Com uma régua travadeira Tava feita segurança Com muita reza e esperança Nunca foi feito arrombamento Isto até o momento Desde quando eu era criança.
No alpendre central Duas cadeira de sola curtida O braço de madeira polida Descendo até o pe de balanço Era sempre pro descanso dos mais velhos respeitado fora eles só se via sentado Visita muito importante. Um grande comerciante O Prefeito ou Deputado.
O restante sentava Nos tamburetes e batente No parapeito tinha muita gente E outros ficavam em pé Quando era tempo fé Ali se tirava um terço completo Mamãe rezava quase em verso O resto respondia. Os mistérios, a ave Maria E oração do universo.
Na sala grande principal Um sofá de madeira trabalhada Cadeiras de sola trançada Uma preguiçosa de listinha E bem do lado ali tinha Um radio de bobina e faixa! Montado numa grande caixa. Trazia a nuticia do estrangeiro Num tinha tv nem jornalero Era tudo na onda alta ou baixa.
Na parede da frente Retrato de vovó e do vovô Pintado meio sem cor Devido ao longo tempo Também ali vou vendo Papai mamãe do lado, Um pouco mais conservado Tinha Jesus Maria e José Santo Antonio São Francisco e SãoThomé E outros santos lembrado.
Na imensa sala de jantar Com um tamanho de dotes Uma quartinha e dois potes Que Ficavam ali do lado Com os copos acima pendurados Apenas um tinha azeia. Mas sujeira é coisa feia E pra deixar tudo arrumado Cobria-se com pano engomado Pra não cair pó nem areia.
Um pouco adiante Se via um guarda louça fina No verniz cor laranja lima Dentros dois três conjuntos Parece pouco, mas era muito Aparelho de jantar, chá e café. Na gaveta faca, gafo e colher Só era usado em dia de festa. a ordem sempre era essa Ou se a visita fosse, a mais fina mulher.
No centro da longa sala Uma mesa de cedro puro Não tem buraco nem furo E é quase centenária Essa peça lendária Pertenceu a meu avô Que minha mãe erdou. Após sua partida. A madeira é toda curtida Indicando o tempo que passou.
Na parede lateral Um quadro da santa ceia A única expressão feia É de Judas que beijou O retrato da falcidade ali ficou Mas a fé foi concebida. Pois toda vez que serve comida. Naquela mesa de fartura Todos rezam e procura A oração mais agradecida.
Entrando na cozinha Um velho fogão a lenha É bonito que ainda hoje tenha Mesmo com toda modernidade Não importa toda idade A Comida fica mias gostosa Cosidas em labaredas sinuosa. Daquele velho braseiro Parece que melhora o tempero E as receitas ficam mais saborosas.
Um cucus de milho zaroi Feijão, carne de sol assada, Carneiro, bode e panelada . Sarapatel galinha caipira e cabidela. Buchada ,Cosido de boi, assado de costela. Seja suíno, caprino ou bolvino Isso eu como desde de menino. Tudo que botar eu digo venha Quando é feito no fogão a lenha Começo a comer em desatino.
Estirada naquele ambiente Sempre numa Mesa velha cumprida Merendas e cafés e comidas. Uma janela dava pro terreiro A porta do lado vem primeiro. Depois mais outra janela. Em cima parecendo uma passarela. Uma taboa de queijo largo suspensa Saídos todos da velha prensa È queijo qualho não é mussarela.
Do lado esquerdo O curral e a vacaria Tira-se leite todo dia Faz queijo coalhada e nata. Manteiga da terra não falta O sabor de lá é conhecido Quem provou não é esquecido. Esteja em qualquer lugar O cabra vai ter que lembrar Do tempo de casa velha vivido.
Quando é noite de lua cheia O terreiro da frente é iluminado A lua branca encantada Parece que espia tudo ali feito um olho que num quer dormir Clareia tudo com tanta beleza Que expressa com clareza Aquela grande visão da lua Vendo a terra toda nua Com o puro olhar da natureza.