O meu grito é por justiça E não tente me calar Eu sou a voz de um povo que não cansa de lutar Pele vermelha, valentia imortal Sou filho da terra, sou imperial
Não era dia Em meu olhar a luz do Sol já não se via Em minhas mãos, não era chuva que caía O choro escorre seco a queimar E queima a terra Uirapuru, que melodia tem a guerra? O som que hoje ecoa na floresta É o triste samba de uma nota só A voz da ribeira em noite de caça Procura na beira o tom da ameaça Lenda que desperta e invade A espessa superfície da realidade
Cuida em teu canto, oh mãe iara Do pranto que deixei no rio-mar Eu tomo conta; mas não chore, não Que o balanço dessas águas deixa leve o coração Que o balanço dessas águas deixa leve o coração
O corpo no bater do maracá Dança pra que o Sol volte a brilhar Sopra a energia ancestral Que a luz do ritual faz a fúria descansar A mata volta à vida num instante E meus olhos verdejantes testemunham redenção Retina que rebrilha a esperança Buscando a eterna proteção