Gabriel O Pensador

Matador

Gabriel O Pensador

Nádegas A Declarar


Ele não gosta de café sem açúcar nem comida sem sal E por isso a sua esposa se deu mal
Vacilou no fogão não tem perdão
Acabou estrangulada e pendurada no varal
Ele não gosta de homem nem de homossexual
Só do Padre Marcelo porque o padre é legal
Esse cara é matador mas acredita no Senhor Jesus
E tá sempre com uma cruz pendurada no cordão
Na cinta uma pistola, um três-oitão e bastante munição A descrição?
Bem, nem alto nem baixo, nem fraco nem forte
E feio feito a morte
O seu rosto quem conhece não esquece
Mas quem vê diz que não viu e que se ver não reconhece
O seu nome ninguém sabe dizer
Só a mãe que sabia, mas depois de nascer
Ele enforcou a coitadinha com o cordão umbilical
Tudo isso no quintal, que não tinha hospital
Apagou os vizinhos e cresceu ali sozinho
Desde menino com um instinto assassino (Mata!)
Ele mata pela frente (Mata!)
Ele mata por trás (Mata!)
Ele mata muita gente (Mata!)
Ele mata mas faz
Cresceu e quis entrar pra polícia
É lógico que foi aprovado no teste psicológico
Mas na prova de tiro foi reprovado
Porque deu pipoco pra tudo que é lado e derrubou um bocado
Frustrado, foi parar numa fazenda
Jagunço de responsa, matador por encomenda
Mas um dia ele cansou de ser peão
Decepou o patrão com um facão e descobriu uma profissão que dá dinheiro: Pistoleiro de aluguel
Você paga e dá o nome, que ele manda pro céu
Não importa o motivo, adultério ou vingança
Guerra de família, discussão na vizinhança
O seu objetivo ele alcança
Vivo é tudo igual, o que muda é a cobrança
Sem terra é por tempo de matança
Criança abandonada é por quilo, pesada na balança Operário é um salário
E pra matar o pai e mãe é dez por cento da herança Juiz ou delegado, prefeito ou deputado...
Todos tem seu preço, que o serviço é tabelado
Refrão
Ele nunca lê jornal, porque não sabe ler
Mas em troca de um presunto recebeu uma tv
Começou a ver notícia e descobriu
que profissão que dá dinheiro,
Muito mais que pistoleiro, é a política:
Ganhar grana de verdade, na maior tranquilidade
Porque tem a imunidade no país da impunidade
"E é por isso que os político tá sempre contratando os meus serviço
Pra matar uma pá de gente...
Mas agora eu também quero ficar rico
Vou me candidatar e tem que ser pra presidente! Deputado, nem pensar, porque um suplente vai mandar algum colega me matar!
" Chegou a eleição e as pesquisas apontavam um fracasso Mas ele ganhou fácil
Matou os candidatos oponentes um por um
E foi eleito presidente sem problema nenhum
Na posse ele escondeu o seu revólver sob o terno
E prometeu que o seu governo era muito "muderno"
Mas depois de pouco tempo começaram os decretos
E medidas provisórias, provocando desafetos Aumentaram os impostos e também a oposição
Mas ele não gosta de reclamação
Só de raiva resolver exterminar os aposentados
E dizer que o desemprego era pro bem da nação
Refrão (Um pistoleiro incomoda muita gente!
O presidente incomoda muita mais!
Um pistoleiro assassina muita gente!
O presidente assassina muito mais!)
E o povo vai morrendo cada vez mais
Atingido por emenda anticonstitucionais
Quando tem corrupção com telefone grampeado
e o cacete
Ele varre pra debaixo do tapete
Todo tá pagando e o país só tá devendo
Presidente tá matando
Mas ninguém tá reclamando porque o bicho tá pegando E o coro tá comendo
Presidente tá chegando
Todo sai correndo porque o presidente é mau, pega um, pega geral!
Presidente é mau, pega um, pega geral!
Presidente é mau, pega um, pega geral! (Empresário!) (Classe média!) (Zona urbana e rural!)
E o povo reunido, muita gente assistindo a cerimônia
Da privatização da amazônia
Aplaudindo o presidente matador, com medo de vaiar Debaixo de um calor de rachar
Ele pára seu discurso pra tirar o terno quente
Fica sem camisa e escuta de repente: (Ih! Alá! O presidente esqueceu o três-oitão!)
Ele encara a multidão...
Põe a mão na cintura e não encontra a pistola
( Ele tá desarmado!) (Pega!) (Esfola!)
Ele chora, se apavora e implora piedade
Mas agora tá na hora da verdade
O povo brasileiro resolveu se vingar
Cercou o presidente e começou a gritar: (Mata!)
Ele mata pela frente (Mata!)
Ele mata pro trás (Mata!)
Ele mata muita gente (Mata!) ...
Hoje eu tô feliz, matei o presidente.
Compositor: Publicado em 1999 (16/Nov)ECAD verificado fonograma #610932 em 14/Abr/2024 com dados da UBEM

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