Gabriel O Pensador
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Porca Miséria

Gabriel O Pensador

Nádegas A Declarar


A lingüiça tá vazia, eu tirei a carne
Eu não como porco, tia
I don't eat swine
A barriga tá vazia e eu tô no rango
Vô encher essa lingüiça com carne de frango
Eu peguei uma panela pra fazer uma canja
Mas o frango olhou pra ela e fugiu da granja
Tem o frango congelado no supermercado
Mas o meu cartão de crédito tá bloqueado
Yo tengo hambre, as hungry as an elefant
Se eu tivesse money, hombre, comeria um restaurant
Se eu tivesse no natal até comia peru
Se eu tivesse no Japão comia peixe cru
Só que lá no japonês eu não tenho vez
Eu não sei comer com dois pauzinhos nem com três
A minha vara de pescar tá quebrada
E o meu peixe... até agora "nada"
Eu já quebrei a vara e já quebrei a banca
O peixe custa os olhos da cara e eu só como carne branca
A carne moída dá água na boca
Mas é que eu tenho medo de pegar uma "vaca louca"
O povo come ovo e o meu ovo ia pro prato
Mas eu peguei o ovo e atirei no candidato
Porque eu já enchi o saco dessa porcaria:
Encheção de lingüiça e a barriga vazia

Eu não como porco! Eu como farelo!
Eu não como porco! Eu como farelo!
Eu não como porco! Eu como farelo!
Os porcos me comeram de verde e amarelo!
Sujaram meu chiqueiro! Fizeram porcaria!
Limparam meu dinheiro e a barriga tá vazia!

Porcos, querem que eu mantenha a esperança
Mas como é que eu faço pra encher a minha pança?
Diz como é que eu posso acreditar numa mudança
Se nossas barrigas só se enchem com crianças
Ou então com gazes, ou então lombriga
E as nossas bocas só se enchem de formigas
Quando agente fala muito e de repente some
Ou quando alguém mata um homem pra matar a fome
Saco vazio não pára em pé
Tá me dando calafrio mas eu tenho fé
Que eu vou conseguir alguma forma de alimento
Nem que seja um pão com água ou pastel de vento
Tem farofa no despacho da esquina
Tem cachaça mas eu quero vitamina!
Vitamina de banana, caldo de feijão
Olha, gente fina, eu tô comendo até ração!
Enquanto os porcos tão comendo a nação
Tão comendo com os olhos toda a minha refeição

Refrão

Se correr... o bicho pega, se ficar o bicho come
Então eu vou andar pra ver se mato a minha fome
Rapadura lá no Ceará eu sei que tem
Tacacá em Macapá, açaí em Belém
Amazonas tem as frutas lá da Zona Franca de Manaus
E no Rio tem "filé miau"
Quero virado à paulsita, tutu à mineira
Picanha gaúcha e piranha pantaneira
Moqueca capixaba caprichada, rapá Goiás, pequi, Bahia, vatapá
Piauí, Paraíba, Paraná...
Pimenta malagueta pro planeta balançar!
Tô na boa em Boa Vista, Acre doce, tô que Tocantis!
Natal, Porto Velho, tô que tô a fim de acarajé, Aracaju, jacaré, pirarucu
Ou pode ser um camarão do Maranhão ou um filé de tubarão lá de Pernambuco
Alagoas! Ah! Eu tô maluco!
Com um lombinho que eu conheci em Santa Catarina
Mas não é de porco que eu não como suína.

Refrão
Compositores: Gabriel O Pensador, André GomesPublicado em 1999 (16/Nov)ECAD verificado fonograma #592277 em 14/Abr/2024 com dados da UBEM

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