Eles já estão ficando, eles já estão dormindo, no centro, no coração da cidade Saem dos seus trabalhos e ficam já instalados, no centro no coração. Da cidade Sob os viadutos, sob todas marquizes - questão de comunidade. Equilibrismo possível, malabarismo possível, dos corações, no coração.
Da cidade Cobram-se com os jornais que falam da vida que vai nas veias, no coração
Da cidade Comem migalhas dos pombos, fazem as necessidades, no coração
Da cidade Dividem as dificuldades como se devia fazer - questão de comunidade Sonham o fim de semana, crianças, mulheres e camas, seus corações, no coração
Da cidade Suas mulheres guerreiras fazem a vida lá longe do coração da cidade Ficam insones à noite, cuidam de suas crianças, nos seus corações
Das cidades O coração da cidade não abre nunca aos domingos, não vê esta impunidade Crianças, mulheres e homens, brincando, sorrindo, se amando na festa da marginalidade O coração
Da cidade não tem o menor respeito com os corações
Das cidades E os corações das cidades não voltam nunca pra caça, são prisioneiros
Do coração da cidade.
Compositor: Luiz Gonzaga do Nascimento Junior (Gonzaguinha) (UBC)Editor: Editora Moleque (UBC)Publicado em 1988 (01/Abr)ECAD verificado obra #97484 e fonograma #9546 em 07/Abr/2024 com dados da UBEM