O dia subiu sobre a cidade Que acorda e se põe em movimento Um despertador bem barulhento Badala, bem dentro, em meu ouvido
Levanto, engulo o meu café Corro e tomo a condução Que, como sempre, vem cheia, Anda, para e me chateia
Está quente pra chuchu, Meu calo dói, A certeza já me rói, Levo bronca do patrão
Mas, sonhei E fiz a fé no avestruz Que vai me dar uma luz Levo uma nota pra mão
A tarde transcorre calma e quente Nas ruas, ao sol, fervilha gente Batalham, como eu, o leite e o pão Que o gato bebeu e o rato roeu
Aumenta tudo, aumenta o trem Aumenta o aluguel e a carne também É... mas, sei, vai melhorar Pior que tá não dá pra ficar
Ah, meu Deus, Se o avestruz der na cabeça Vou ganhar dinheiro à beça, Faço minha redenção
E vou lá dentro, No escritório do patrão Peço aumento, ele não dá, Mostro a grana e a demissão
A noite desceu sobre a cidade Nas filas, calor suor cansaço Meu corpo está que é só bagaço E se está de pé é de teimoso
Eu, desejando minha cama Furam a fila e alguém reclama: Louvaram a mãe do rapaz Que diz que faz e desfaz
E só falta uma briguinha E eu ir para o xadrez Pobre não tem mesmo vez Não dá sorte ou dá azar
E o danado do avestruz Também não deu Minha mulher vai reclamar O dinheiro que era seu
E o danado do avestruz Também não deu Minha mulher vai reclamar O dinheiro que era seu
Que o gato comeu O rato roeu Alguém se lambeu
Compositor: Luiz Gonzaga do Nascimento Junior (Gonzaguinha) (UBC)Editor: Warner (UBC)Publicado em 1998 (28/Mai) e lançado em 1998 (30/Jun)ECAD verificado obra #277292 e fonograma #979881 em 03/Abr/2024 com dados da UBEM