“ERA A AMIZADE DA INFÂNCIA, QUANDO EU ERA PIÁ DE ESTÂNCIA, GURI DE CUIDAR CAVALO. EU ASSOBIAVA UMA MARCA QUANDO CANTAVAM OS GALOS. TIREI PRA MIM AQUELE POTRO. UM NÃO VINHA SEM O OUTRO, CORTANDO A VIDA EM ASTILHA. O REFOLEGO O PINGO, O SONO EM CIMA DA ENCILHA... ERA UM ABRAÇO A LO LARGO PRA DOIS LOUCOS SEM FAMÍLIA. NO LOMBO DO MEU CAVALO, TIVE OS MAIS LINDOS REGALOS! UM DIA, UMA LEI DA ESTÂNCIA MANDOU VENDER O MEU AMIGO. DESDE ENTÃO NINGUÉM ME VÊ... E FUI CRIADO NO ESTRIBO!”
UM DIA PARTIU O PINGO, SE FOI, NÃO ME LEMBRO QUANDO FIQUEI BANIDO LÁ FORA, ERA UM BANDIDO SEM BANDO EU ERA UM PÉ SEM ESPORA COM A VIDA ME ATROPELANDO SAÍA E BEBIA UNS VINHOS, PRA VER A VIDA VOANDO TE VIA PELO CAMINHO, PERDIDO, ME PROCURANDO E NÃO TEM NADA MAIS LINDO DO QUE UM AMIGO VOLTANDO
POR ISSO DIGO AOS MEUS DIAS, QUE ESCORREM PELO GARGALO VOU VIVER COM O PÉ NO ESTRIBO QUANDO ENCONTRAR MEU CAVALO
“CISMO... E PROSEIO SOLITO, QUANDO UMA GANA ME PUXA. UMA SAUDADE AVOENGA ME ATENTA, SE FAZ DE BRUXA; MAS SÓ QUEM TEVE UM CAVALO, CONHECE VIDA GAÚCHA!”
A CERCA GUARDA NO GRAMPO ALGUMA CRINA DE COLA GAÚCHO NÃO ANDA A PÉ, SE ANDA, NÃO SE CONSOLA ATÉ A LEMBRANÇA DO POTRO ME DEIXA UM TANTO PACHOLA O POTRO ERA DA FAZENDA, REIÚNO MESMO, SÓ EU QUE PASSO A VIDA ENCILHANDO CAVALOS QUE NÃO SÃO MEUS E QUANDO GANHO UM RELINCHO, LHES DIGO: -GRAÇAS A DEUS!
Refrão
O PATRÃO VENDEU O POTRO, COMO QUEM APAGA UM PUCHO UM PEÃO NUNCA DIZ NADA, SENTIR SAUDADES JÁ É UM LUXO ANDA UM CAVALO A ESTA HORA COM SAUDADE DE UM GAÚCHO ME DEIXEM SEGUIR BUSCANDO POR ESTES CAMPITOS RALOS DORMIR EM CIMA DA ENCILHA SÓ PRA ACORDAR COM OS GALOS E ANDAR CANTANDO O RIO GRANDE SÓ PRA ESPERAR MEU CAVALO