Afros, indígenas e europeus construíram um Brasil multifaces E contribuíram pro crescimento de um país tropical, desigual e demagógico Livros ordinários ensinam tudo errado deflagram guerra de classes A questão é desprezada e omitem a verdade sobre um passado histórico
Camuflar não adianta, a situação já é sabida Concentrada pigmentação é reprimida Ligar a tevê você deve para ver a mesmice que pesa em minha retina Somente um modelo alvo de beleza predomina A mão de obra escura que fez a construção Dessa nação teve pouco ou nenhum valor Se atualmente os olhares contra a cor são cheios de rancor Antigamente quilombolas eram atormentados com muita dor (ô!)
Ao chegarem no litoral brasileiro vindos do berço africano Foram recebidos por escravocratas e inquisidores Como peças e profanos, depois de tudo que sentiram na pele Os iorubás, malês e bantos O saldo foi chão encharcado de sangue e rosto molhado de prantos Os escravos foram duramente tratados A base de trabalho forçado, e chibatadas de marcar o lombo Castigo que os fez refugiarem pro quilombo Hoje temos a liberdade, e desconhecemos a igualdade
Qual é motivo de tanto orgulho? Será que moralmente somos sujos? A sujeira está na cabeça de quem discrimina Que pensa estar por cima Rejeitando seres humanos que têm na pele um tom escuro de melanina
Somos filhos de um só pai, ninguém é tão diferente Peço a ele que nos livrai do preconceito inclemente Não existe supremacia, é preciso interação Seja qual for a etnia, basta de segregação
Lamentavelmente os negros tiveram uma trajetória marginalizada Pois da escravidão se tornaram livres sem direito a nada Sem alimento e sem morada, o crime foi a única solução Para um povo cor de ébano que não tinha opção Muito menos um ganha-pão A favela se tornou a sua casa por falta de condição Só há um reconhecimento conveniente Quando o neguinho passa a ser uma pessoa eminente Aí, todos oferecem a Lua, o Sol e todo o continente
Devagar estamos conquistando o nosso espaço Firmando nossa negritude de mente articulada e peito de aço Humildemente chegando ao estrelato E mostrando que ser bléque não é estar na moda e sim ser um fato Não cruze os braços, seja ágil feito um negro gato Batalhe por sua ascensão por melhores salários e melhores papéis na televisão Chega de interpretar subordinado ou ladrão (É assim que tem que ser, lute pelo poder)
A teoria que afirma a superioridade do homem caucásico Sobre os demais é infundada, foi quebrada e deve ser ignorada Pois é desconexa a segregação pregada Pelos radicais racistas, pelos grupos extremistas Não quero meus semelhantes perseguidos como os judeus pelos nazistas
Somos filhos de um só pai, ninguém é tão diferente Peço a ele que nos livrai do preconceito inclemente Não existe supremacia, é preciso interação Seja qual for a etnia, basta de segregação
São cães raivosos e não consigo me conformar Com procedimentos preconceituosos que gente estúpida insiste em adotar Sabe de longa data que é fruto da miscigenação (Aceitando ou não está no sangue!) Tem a cara pau de promover a discriminação (Falta de decoro, coisa infame!)
Odeia samba-canção, mas ama rock and roll Derivado do blues dos campos de algodão (Então, perceba o liame!) Está vestindo a camisa do Bob Marley Fumando a erva caliente Está curtindo o som ousado do Jimi Hendrix Com a guitarra entre os dentes Faz capoeira e toca berimbau eximiamente E todo ano pula nos blocos do carnaval baiano enlouquecidamente (Fui claro, fui entendido? Pense bem nesse assunto que está sendo discutido)
O racismo humilhou e espancou vários irmãos Como se fossem algo empedernido Provocou a ira dos Panteras e retraiu outros altamente constrangidos Você que renega sua ancestralidade E acha que descende da suposta raça ariana Saiba que seus antepassados eram negros e mulatos Que colheram o café e cortaram muita cana Não siga exemplos de uma podre sociedade deletéria Há uma mistura correndo em sua artéria
Somos filhos de um só pai, ninguém é tão diferente Peço a ele que nos livrai do preconceito inclemente Não existe supremacia, é preciso interação Seja qual for a etnia, basta de segregação
Compositor: Gustavo dos Santos Nobio (Gustavo Nobio) ECAD: Obra #31491600