Lá no alto Quase bem perto do céu Um caseril de arquitetura portuguesa Contrasta o branco das paredes seculares Aos jasmineiros, pedras mouras E hortênsias, a velha quinta
Frutifica caducando com Esperanças de ameixas e pessegueiros E um negro antigo frente a porta do galpão Aperta a cincha de um mouro maçanilha Um vento manso traz carícias de veraneias Guardando sonhos que restou da primavera Só pra cantigas entre as folhas da parreira
E varre as pedras que molduram o chão de terra Pela varanda a dança dos beija-flores Faz contraponto ao bailado das abelhas Sobram silhuetas das sombras lá do potreiro É o manifesto de um potro escondendo orelha
Cantam cigarras na triarca das figueiras E nas paineiras um orneiro ergue seu rancho Algum aviso no bico de um quero-quero Chega de longe num ressábio de carancho O brete cheio anuncia as tesouras Esquila antiga no sotaque do martelo E em cada velo a certeza de uma herança Ponchos cardados amenizando o inverno
Verde assim meu velho pago Vista alegre Nos lumes de uma manhã de janeiro Me faz pensar que alguma deusa enfeitiçada Me inspirou pra este cantar chamameceiro
Compositores: Jari Lourenzo Terres Junior (Jari Terres Jr.), Marco Antonio Gotuzzo Antunes (Xiru Antunes) ECAD: Obra #901683 Fonograma #666727