Meu brasil grande, fogão De pátria e de nativismo No altar de gauchismo Da crioula tradição Na hora do chimarrão Enquanto escuta a chaleira Meu cusco baio coleira Como sentinela amigo Fica pensando comigo Na situação brasileira
Companheiro, permanente Igual a mim, um teatino Meu parceiro examino O quadro do brasil doente Preocupado com o paciente Entregue pro estrangeiro Um causo brabo, traiçoeiro De virose de Delfinista Tendo tanto especialista Tratado por curandeiro
Minada em toda estrutura Desde a mente até ossamenta O pobre doente apresenta Febre, fome e amargura Com princípio de loucura E completo esgotamento Sem nenhum medicamento O preço é proibitivo Na verdade Um morto-vivo pela falta de alimento
E a insensatez teimosia Nesse país hospital Faz que o pobre marginal Descaia dia após dia A reserva que existia De a muito foi extinguida A pátria grande vendida Tudo entregue, quase dado Enquanto o doente, coitado Arrasta uma sobrevida
Talvez pareça exagero Mas vale a comparação Meu cusco junto ao fogão Olha tristonho o braseiro Mas o homem brasileiro Que está me ouvindo concorda O balde encheu e transborda E o pobre povo indefeso Está a ver com tanto peso Vai arrebentar a corda
Parece até brincadeira Que um país com essa potência Viva em tamanha indigência Frente a tanta bandalheira A impunidade é a bandeira E cada qual é mais vivo O processo punitivo É instalado e difundido E depois de concluído Vai direto pro arquivo
É a derrocada suprema De um sistema que se esvai Para quem vende, quem trai Que importa que o povo gema Que importa que o povo trema Ou se a pátria se desune O grupo que manda imune A problemas de consciência Prossegue na inconsequência Porque se acredita impune
Na velha capitania De são pedro, tudo igual O centralismo mortal Nos esmaga dia-a-dia E o capataz que iludia Falta garrão pra mandar Tem vontade de mostrar Que é gaúcho queixo duro Mas subiu de mais no muro E agora não pode apear
Quem sabe eu tenho a esperança Ele é gaúcho afinal Quem sabe um santo bagual Faz que se lembre da herança Dos que empurraram com a lança As linhas desta fronteira E calce o pé na porteira Dizendo como índio macho Que ninguém faz de capacho Esta província campeira
Que diga a esses insensatos Que nos reduzem a trapos Que neste chão dos farrapos Chimangos e maragatos Não há lugar pra gaiatos E pra bobos não servimos E nem tampouco pedimos E nem tampouco imploramos Aquilo que conquistamos Nós simplesmente exigimos
É tão simples dizer basta Na terra que demarcamos Na situação que chegamos O que não voa se arrasta É hora de apear a casta Que nos explora e desgraça O povo virou carcaça Pra pasto dos urubus Das anas, marias, jus Que nos compraram de graça
O dólar sobe E subindo aumenta a dívida externa E a trindade que governa Segue sorrindo e sorrindo E o pobre povo ringindo Vive agora pior que bicho Já nem vai mais a bolicho Criaturas seminuas Que andam cruzando nas ruas Catando em latas de lixo
E como pode o brasil Viver assim ante o mundo Mostrando esse quadro imundo Tão deplorável, tao vil Pobre país teu perfil Precisa ser recomposto Deixar de ser entreposto Do explorador estrangeiro Pra que o povo brasileiro De novo mostrar o rosto
Mas o que é a democracia O termo que a gente escuta Nessa terrível labuta Que se agrava dia-a-dia Vender a soberania A interesses estrangeiros Ou carne a cinco mil cruzeiros Isso aquela de segunda É pior que um talho na bunda De todos os brasileiros
E dia dois no gigantinho Grito do campo e da indiada A luta foi iniciada Ninguém vai pelear sozinho Todos sabem o caminho E vão se chagando cedo Rio grande inteiro sem medo Que vem de todas as frentes E lá vão estar presentes O Maluf e o Tancredo
Compositor: Jayme Caetano Braun ECAD: Obra #2953098 Fonograma #1434416