Vem o Rio Grande de tiro no cabresto do meu canto E a minha voz eu levanto na evocação que aprendi No borralho guarani que ainda mantem-se quente No sangue da nossa gente dos ancestrais até aqui
No calor de um fogo grande o mate da madrugada Com sangria desatada batizou a minha raça E o tempo que vem e passa cada dia há de me ver Teimando em renascer do picumã e da fumaça
Vim da invernada dos anos no rumo do tempo novo E aqui encontro meu povo com traumas na identidade Por isso a hostilidade quando eu canto do meu jeito Contra os que acham direito matar nossas verdades
O gaúcho manancial, vertente de inspiração Respaldado de opinião, guitarreando se agiganta E estremece quando canta, senhor do próprio talento Não tem preço o sentimento que transborda na garganta
Há gente que não houve estâncias neste canto de chão Nem enxergam o galpão na estampa da voz trocada Não andam na mesma estrada dos gaúchos de a cavalo Nem ouvem cantos de galo despertando a madrugada
Não são culpados aqueles que não carregam no peito Mas enxergam com respeito a tradição secular E sim quem vive a explorar fazendo os próprios apartes Pseudos-donos da arte que teimam em nos governar!