O resmungento nhenhém da acordeona conversava fazia costa, roncava, rengueando no vai e vem mal mal se enxergava alguém, entre murmúrio e relincho, ali naquele bochincho, pras bandas do Itaroquém
Tirei a china trigueira, com toda a delicadeza ela me olhou com surpresa e foi dizendo altaneira não é que a mamãe não queira, nem que o papai me impedisse mas ele sempre me disse - não dança com bagaceira
Fiquei que nem mamangava e o candeeiro estremeceu nem o tinhoso entendeu o beleléu que se armava a gaita me debochava, e atorei num sopetão em virtude do carão que aquela maula me dava
Saltou fumaça com poeira, quando cortei a cordeona bem pelo meio a chorona, ao correr da carneadeira parou de repente a zoeira, ficou só o ar fumacento e o meu arrependimento, prá durar a vida inteira
Cortar uma gaita em duas, só por capricho um pecado, o velho orgão sagrado das nossas missas charruas quantas pragas de chiruas e desaforos malucos e relampear de trabucos, tinir de adagas e púas
Para contar o enredo, isso não é bem assim no bárbaro rintintim onde não vale segredo ali o índio que tem medo, nem que não queira se entangue sentindo o cheiro de sangue, e o choro do chinaredo
E o que não viu, ficou vendo, o resultado do talho como quem corta um baralho, num jogo em que está perdendo foi como um chiado fervendo, num olheiro de formiga quem não tem nada com a briga, peleia se defendendo
Num medonho solavanco, perdeu pé a bugra Raimunda larguei um pardo cacunda e um outro meio lonanco e o gaiteiro, atrás de um banco, benzido a moda gaúcha contra bala de garrucha e folha de ferro branco
Depois de tudo acabado, isso foi lá pelas tantas lombos cortados, gargantas e bugre descaderado sangue fresco misturado com gordura de candeeiro mas saiu limpo o gaiteiro, que o tocador é sagrado
Quando veio o comissário, pra tratar dos seus assuntos pra encomendar os defuntos veio também o vigário inda hoje o vizindário, quando fala se arrepia nunca mais desde esse dia, festejei aniversário
E a china!!? Não sei da china, pra onde foi, de adonde veio lambe sal nalgum rodeio da pampa continentina cortando talvez a clina, na minguante de setembro por castigo ainda me lembro, daquela maula brasina!