Foi Na Cidade do Sado
Foi na cidade do Sado
No pavilhão do Naval
Havia uma bronca armada
Pelas bestas do capital
Aos sete do mês de Março
Quinta-feira já se ouvia
Dizer a boca calada
Que o PPD era a CIA
Uma tarjeta laranja
Convite ao povo fazia:
Venham todos ao comício
Da Social Democracia
Eram talvez quatrocentos
Gritando a plenos pulmões:
Abaixo o capitalismo
Não queremos mais tubarões
Lá dentro sessenta manos
Do PPD exibiam
Matracas e armas de fogo
E o mais que os outros não viam
A um sinal combinado
Já quente a polícia vem
Arreia, polícia, arreia
Que o Totta-Acores paga bem
Amigo arrebenta a porta
Que te vão para matar
As bestas já fazem fogo
Lá fora tens de lutar
Os gases lacrimogénios
E os tiros que então partia
Mais os cordões da polícia
Os Pê Pê Dês protegiam
Cai morto João Manuel
De nascimento algarvio
Dezoito já eram feridos
Ficou o Naval vazio
Justiça pela noite fora
Pediu o povo na rua
Morte à polícia assassina
Amigo a vitória é tua
Aos onze do mesmo mês
Às onze horas do dia
Enquanto o João passava
Enquanto o João jazia
Do outro lado do rio
Morre o soldado Luís
Soldado filho do Povo
Vamos fazer um País
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